
Querer ou poder

Querer não é poder. Quem pôde, quis antes de poder só depois de poder. Quem quer nunca há-de poder, porque se perde em querer.
Fernando Pessoa
E é isto o futebol. Num dia se joga miseravelmente. Noutro ganha-se por seis. Se frente ao CSKA o Benfica jogou pouco ou nada, frente ao Vitória de Setúbal jogou tudo. Ou então, saiu tudo bem. Mas ainda assim jogou notoriamente melhor do que em Moscovo. A verdade é que também fez o que quis, perante um adversário que por pouco, devia ter pago o ingresso. Se nos abstrairmos da goleada e atentarmos na eficácia, este era um jogo que o Benfica deveria ter ganho por dez. Ou por oito, como já o fez aqui há uns anos. Ainda há muita falta de pontaria (leia-se displicência). Mas viu-se garra. Vontade. Querer. Algo que, em boa verdade, ainda não se havia visto. O percurso nas competições internacionais deste ano é claro: zero pontos. Um clube como o Benfica tem de estar a jogar a este nível no início de outubro e não quase em Dezembro. Há demasiado a perder. Continuo a dizer que não nos podemos dar ao luxo de perder pontos para os rivais logo desde o início para depois fazer um campeonato “de trás para a frente”. Tem corrido bem, mas a ver vamos se este ano a coisa se compõe. Assim seja, mas continuo a recear pelo pior.
Sem querer estar a insistir constantemente no mesmo, continuo a achar que o treinador tem de “puxar pelos galões” e pôr os jogadores a fazer aquilo para que são pagos. Jogar (bom) futebol. Reconheço sem problemas a competência técnica de Rui Vitória. Mas falta o querer. E querer não é poder. Mas às tantas ajuda bastante.
Pizzi de regresso às boas exibições, com um ou outro passe à Messi. Krovinovic a mostrar serviço e que pode ser opção como organizador de jogo. Luisão a mostrar que afinal velhos são os trapos e que a experiência faz, muitas vezes, a diferença. E, nem de propósito, mais um fantástico jogo de Jonas, cheio de classe e “nota artística” com dois golos marcados. Querem saber qual a definição de ponta-de-lança? Jonas!
Zivkovic de regresso aos golos, algo que registamos com satisfação. É um jogador de fino recorte que tem de recuperar animicamente o quanto antes.
Quase a terminar, o fim da carreira por parte de Júlio César. Se sentiu que era a sua hora, fez senão bem. Fica porém a ideia de que termina de forma algo atabalhoada. Nem um último jogo? Um adeus oficial? Só um vídeo no balneário parece muito pouco para um jogador com o seu percurso.
Esperemos que esta veia goleadora se mantenha na próxima jornada.
Viva o Benfica.
Dá-me o 37!
Por: Hugo Pinto*
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