Arquivo Mensal

Abril 2022

Famílias preocupadas com o aumento do custo de vida pedem ajuda

Ambiente/Economia Por

A DECO apoiou mais de 7.000 famílias sobreendividadas. O 1º trimestre deste ano reflete já o aumento de preços das despesas essenciais e a preocupação das famílias com a subida de taxas de juro, sobretudo no que respeita ao crédito à habitação.

Destaca-se neste período um crescimento do aconselhamento relativo sobre a reestruturação de crédito (56%).

A DECO alerta os consumidores para a importância de ser responsável na gestão das contas, apoiando-os de forma a prevenir incumprimentos dos créditos contratados.

30.000 famílias pediram aconselhamento financeiro à DECO

Em 2021 o Gabinete de Proteção Financeira (GPF) da DECO recebeu 30.000 pedidos de aconselhamento financeiro das famílias portuguesas. 52% dos pedidos rececionados em 2021 respeitavam à reestruturação financeira dos orçamentos familiares.

Os consumidores pretendiam saber como podiam renegociar as suas responsabilidades de crédito, com o objetivo de tentar reequilibrar o seu orçamento familiar.

29% das famílias que recorreram este Gabinete da DECO, em 2021, apontam o desemprego como principal causa das suas dificuldades financeiras. Porém, no 1º trimestre deste ano, 2022, a perda de rendimentos tornou-se o motivo principal dessas dificuldades.

DECO abriu 2.744 processos de intervenção em 2021

No desenvolvimento destes processos de intervenção, o GPF DECO contacta as entidades credoras para promover uma reestruturação dos contratos de crédito e/ou dívidas (por exemplos, dívidas de serviços públicos), trabalhando com as famílias a gestão e otimização do seu orçamento familiar para que consigam cumprir com as obrigações financeiras.

Em 2021, a perda de rendimentos surge como a principal causa das dificuldades financeiras das famílias, cujo agregado é composto por 3 elementos, registando-se o seu valor em 32%.

O desemprego surge como segunda causa responsável pelas dificuldades financeiras das famílias que têm processo a decorrer na DECO: 23%. Portanto, poder-se-á afirmar que estes dados refletem os efeitos socioeconómicos resultantes da pandemia da COVID-19.

No que respeita ao incumprimento dos créditos, salientando-se que as famílias em média têm 5 créditos, verificou-se uma acentuada diminuição do incumprimento no crédito à habitação, justificada maioritariamente pela aplicação da moratória.  Este decréscimo manteve durante o 1º trimestre de 2022.

Taxa de esforço passou para 78%

O rendimento médio das famílias que procuraram o apoio do GPF é de 1.100€ e um total de prestações com crédito de 860€. Estes dois valores permitem calcular a taxa de esforço.

Em 2021, a taxa de esforço das famílias, que não deve ser superior a 35%, continua a ser muito elevada: 78%.

Para estas e mais informações a DECO – Delegação Regional do Minho, sita na Avenida Batalhão Caçadores, 9, Viana do Castelo encontra-se disponível podendo contactar-nos através do 258 821 083 ou por e-mail para deco.minho@deco.pt.

O Dia Mundial do Autismo

Atualidade/Concelho/Saúde Por

No passado dia 2 de abril comemorou-se o Dia Mundial do Autismo.

A Perturbação do Espetro do Autismo é um Síndrome neuro-comportamental com origem em perturbações do sistema nervoso central que afetam o normal desenvolvimento da criança/jovem.

Os sinais e sintomas aparecem nos primeiros três anos de vida e incluem três grandes domínios: social, comportamental e comunicacional.

Revela-se de extrema importância o seu diagnóstico precoce e consequentemente o início da intervenção, aumentando as probabilidades de autonomia e potenciação do desenvolvimento da criança.

E porque é ambição da APAC garantir uma resposta cada vez mais individualizada e especializada à comunidade foi criada recentemente a Consulta de Avaliação Especializada do Autismo – Dr. Luís Borges, destinada à avaliação, diagnóstico diferencial e definição de uma intervenção que contemple as várias dimensões de vida da criança/jovem, contribuindo igualmente para novas abordagens terapêuticas na intervenção. Para isso, conta com uma equipa multidisciplinar composta pelo médico neuropediatra, psicóloga, terapeuta da fala, terapeuta ocupacional e técnico de psicomotricidade.

Por:

Consumidores já podem pedir a tarifa social de internet

Atualidade/Concelho/Economia Por

A Autoridade Nacional de Comunicações anunciou recentemente que o consumidor e famílias com baixos rendimentos ou com necessidades sociais especiais já podem aceder a serviços de Internet em banda larga, fixa ou móvel.

Onde e como pedir a adesão a esta tarifa?

O consumidor deverá formular um pedido para aderir a esta tarifa junto do seu operador. Este pedido é remetido para a ANACOM que verificará se o consumidor preenche os requisitos para a adesão. Verificados os mesmos, a ANACOM informa o operador e este terá de ativar a tarifa social no prazo máximo de 10 dias.

Podem aceder a esta tarifa social quem beneficie:

– Da pensão social de velhice ou do complemento solidário para idosos;

– Do subsídio de desemprego;

– Da pensão social de invalidez do regime especial ou do complemento da prestação social para inclusão;

– Do rendimento social de inserção;

– Do abono de família;

– E os agregados familiares com rendimento anual igual ou inferior a 5808 euros, acrescidos de 50% por cada membro do agregado familiar que não disponha de rendimento, até um limite de 10 pessoas. Nestas famílias, se existirem estudantes universitários deslocados, a estudar noutros municípios, podem solicitar a oferta adicional de tarifa social.

Qual o custo deste serviço?

A Tarifa Social de Internet tem um custo de 5 euros mais IVA, ou seja 6,15 euros. Pode ainda ser cobrado um valor máximo e único de 21,45 euros mais IVA para serviços de ativação e/ou para equipamentos de acesso, que o Consumidor pode optar pelo seu pagamento em 6, 12 ou 24 meses a par da possibilidade de pagamento integral na primeira fatura.

Qual o conjunto mínimo de serviços que é obrigatório garantir?

Esta tarifa inclui um mínimo de 15 GB por mês, devendo os operadores assegurarem uma velocidade mínima de downloads de 12 Mbps e de upload de 2 Mbps, para que os Consumidores possam aceder serviços essenciais, como a consulta da sua caixa de correio eletrónico, motores de buscas, ferramentas de educação e formação, aceder a notícias, comprar ou encomendar bens e serviços essenciais, utilizar serviços bancários online bem como realizar chamadas e videochamadas de qualidade.

Atenção esta tarifa não inclui televisão e telefone. Todos os operadores que oferecem serviços de acesso à Internet, serão obrigados a disponibilizar a tarifa social em todo o país, desde que exista infraestrutura instalada e/ou cobertura móvel que permita prestar este serviço.

Se precisar de informação complementar contacte a DECO – Delegação Regional do Minho, sita na Avenida Batalhão Caçadores, 9, Viana do Castelo encontra-se disponível podendo contactar-nos através do 258 821 083 ou por e-mail para deco.minho@deco.pt.

Humanização animal: necessidade ou perigo?

Atualidade/Concelho/Opinião Por
Rita Pereira

A convidada do mês de Abril é Rita Pereira, natural de Barcelos e médica veterinária formada pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar, da Universidade do Porto. Tem especial interesse na área do comportamento animal, área na qual concluiu em 2020 o Curso Avançado Pós-Universitário dirigido pelo Centro para o Conhecimento Animal, em parceria com o Instituto Português de Psicologia e outras Ciências. Criou a Beehaviour, presente nas redes sociais, pela sua vontade de partilhar conhecimento e chegar a mais famílias, através de uma comunicação simples e de proximidade, porque acredita que o conhecimento pode, literalmente, salvar vidas. A trabalhar na área da saúde animal desde os 24 anos, a Rita lança uma questão polémica: será a humanização animal uma necessidade ou um perigo?

Segundo os dados do último estudo da Track.2Pets, mais de metade dos lares portugueses possuiu, pelo menos, um animal de estimação. O mesmo estudo também concluiu que eles são, cada vez mais, considerados elementos das nossas famílias, mas esta noção é diferente da humanização. A criação de vínculos emocionais fortes com os animais de companhia pode resultar sim numa maior consciencialização sobre tratar mais e melhor os nossos animais, garantindo-lhes conforto, bem-estar e cuidados de saúde. Então a humanização animal é benéfica e isto é um não assunto? Pelo contrário…


Quem nunca ouviu (ou disse) a frase “gosto mais do meu cão do que de muitas pessoas”? A presença de um animal de estimação nas nossas vidas é muitas vezes a lufada de ar fresco na correria do dia-a-dia e os benefícios desta convivência já estão mais do que descritos. Torna-se assim fácil (e quase automático) atribuirmos características humanas a um ser não humano, ou por outras palavras, a humanização (ou antropomorfização).  A humanização animal é o ato de atribuir características humanas a animais e agir como se estivéssemos a lidar com um humano. A ciência já comprovou que cães e gatos, por exemplo, são seres sencientes, completamente capazes de sentir e expressar emoções, mas cães não são humanos, gatos não são humanos. A questão resume-se a este ponto.

Se por um lado a humanização animal pode promover a empatia e catapultar, por exemplo, a luta pelos direitos animais, por outro lado poderá pôr em risco o seu bem-estar, ao não identificar nem satisfazer as necessidades animais deles. Um cão, se tiver opção, poderá percorrer vários quilómetros por dia, a explorar, em busca de alimentos, a farejar, escavar, procurar parceiro/a, contactar com outros animais, etc. Os comportamentos naturais de um gato vão incluir longas horas de caça (muitas delas falhadas), marcação territorial, arranhar, comportamentos de grooming e allogrooming (lambedura de si próprio e a outros gatos, respectivamente), procurar parceiro/a, entre outros. Estas necessidades são difíceis de assegurar e podem entrar em conflito com a humanização.


Nas minhas consultas, vejo inúmeros sinais de humanização. “Dra, ele é como um filho para mim!” ou perguntarem carinhosamente “quem é o amor da mamã?”. Estas afirmações são obviamente demonstrações de carinho e de forma direta não irão trazer consequências para o animal. O problema está na ausência de equilíbrio e aqui sim, poderão existir consequências reais na saúde física e emocional dos nossos animais.

Estou sim a falar de todos os dias vestir-lhe um pijama para dormir, dar-lhe banhos quase diariamente impedindo que tenha o seu odor natural (que contém feromonas muito importantes para a sua comunicação), alimentá-lo com guloseimas feitas para humanos, passeá-lo apenas no colo ou dentro de um carrinho, não permitir que interaja com animais da mesma espécie durante os passeios, … Por mais carinhoso e bem intencionado que possa ser, é importante compreender que um cão, gato ou outro animal de estimação não é um humano em ponto pequeno e tem necessidades espécie-específicas que devem ser respeitadas.

Reações cutâneas, infeções respiratórias, otites, transtornos gastrointestinais, intoxicações alimentares, intoxicações por medicamentos para humanos, obesidade, problemas de locomoção e sociabilização, desenvolvimento de quadros de ansiedade e problemas relacionados com a separação são apenas o início da lista infindável de possíveis consequências da humanização animal. Existem várias formas de demonstrar amor que não colidem com as necessidades dos animais, nem desrespeitam a sua natureza. Cada caso é um caso e os extremismos, em regra geral, não são boa ideia.
Convido-vos a refletirem comigo com um exemplo real: numa consulta a um paciente que estava ao colo, pedi à tutora para colocar o seu cão no chão. Ela ficou muito preocupada e disse-me “Não… Ele não pode ir para o chão porque fica sujo!”. Sei que é uma pergunta provocatória, mas um cão que vive no colo poderá expressar o seu comportamento natural? Um cão que não anda no chão, não fareja, não explora novos ambientes, sai de casa apenas no colo ou dentro de uma mala e que não interage com outros cachorros, será feliz?

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