
A espera é desespero. O desespero é sufoco. O sufoco é desfalecer.
Então desfaleço. Desfalece o ânimo. Desfalece o entusiasmo.
Esse golo que tarda. Esse jogo que parda.
Então sofro. Espero, desespero, sufoco e desanimo.
É golo.
É alegria. É renascer. É a alma a aquecer.
É o ânimo a regressar e o coração a pular.
Rejubila o adepto. Esperou a semana toda por aquele momento.
O jogo avança e desvanece a esperança. Volta o marasmo e foge-me o espasmo.
A convulsão do rosto que se chama sorriso. E o adepto desespera vai-se o juízo.
O jogo findou. Nosso amor ganhou. A exibição não convence, mas a equipa vence.
Segue em primeiro sem jogar em cheio. É a sensação de barriga vazia. Mesmo com VAR dá uma azia.
Para a semana há mais. Oh, rapazes, vede lá se jogais.
Eu adepto, recordo Eugénio. Que apesar de não o ser, é o de Andrade:
.

Aqui onde o exílio
dói como agulhas fundas,
esperarei por ti [oh bom futebol]
até que todas as coisas sejam mudas.
Até que uma pedra irrompa
e floresça [e o golo apareça]
Até que um pássaro me saia da garganta
e no silêncio desapareça.
[É golo…]
.
E viva o Benfica.
E pluribus unum.
Por: Hugo Pinto*.
(* A redação do artigo de opinião é única e exclusivamente da responsabilidade do autor)