
Foi entre Fafe e a Póvoa de Lanhoso que se desenrolou a prova de Abertura para o escalão júnior.
O stress da pré-época acabou. Agora é só adrenalina pura a circular na veia dos nossos campeãozinhos. Talvez isso tenha ajudado a que algumas quedas bastante aparatosas, mas esperemos que menos graves, acontecessem na primeira corrida da época. No entanto, a adrenalina das corridas envolve-nos a nós também, diretores e treinadores, de tal maneira que nos faz apaixonar por esta modalidade espetacular e popular, fazendo-nos sentir, também, que a partir de agora acabou o stress, porque temos a rapaziada preparada para encarar a temporada, os materiais todos nas melhores condições e os carros todos afinadinhos.
Agora é só escutar o rádio-volta e agir: “- Roriz, água!”; “- Barcelos, furo na roda da frente!”; “- Maia, queda de ciclista à direita!”; “- ADRAP, esse bidão tem cola ou quê?”
E lá vou eu, e lá vai ele e lá vamos todos. Às vezes todos à molhada. Um dia destes eu conto-vos algumas dessas molhadas.
Isto tudo para vos dizer que me sinto feliz porque para mim o ciclismo é uma festa.
Reportagem do carro de apoio
Na estrada, os juniores de Roriz estão a dar espetáculo! Em Fafe, foi Pedro Lopes, a correr em casa, que quis mostrar todo o seu power numa fuga em que foi o principal impulsionador. Francisco Moreira mostrou, também, a sua capacidade, saltando para a fuga com inteligência e tendo chegado também com os da frente. Também Fábio Costa, do CC Barcelos, mostrou, em Fafe, que leva o ciclismo a sério, estando em grande com o seu segundo lugar. Mas a vitória, essa foi para Pedro Teixeira do Maia. Resumindo, Roriz ganha por equipas mas não ganha a geral individual.
Em Alcobaça, primeira prova da Taça de Portugal, Roriz “mete toda a carne no assador”. Primeiro foi servido “galo de Barcelos” (Renato Costa), mas do duro, para dificultar a digestão dos adversários no primeiro prémio de montanha. Na segunda montanha, “carne dura” do “leão de Guimarães”, Pedro Lopes. Na última subida, a ementa foi “garnizé”: Foi mais um ataque demolidor do nosso trepador Hélder Gonçalves. Depois da última meta de montanha, foi o teste de Francisco Moreira para o contra-relógio de Zambujeira-do-Mar (segunda prova da Taça). Para se aguentar 20 quilómetros em fuga solitária é preciso ser bom contra-relogista e o Francisco já deu provas disso. Entretanto, o rádio-volta vai informando: “- Aos 95 kms Francisco Moreira em fuga, a vantagem é 10 segundos!”, “- Aos 98 kms o fugitivo aumenta a vantagem para 20 segundos!”, “- A 5 kms da meta o fugitivo aumenta a diferença para o pelotão: Agora são 55 segundos!”. Com a vitória eminente, a ansiedade toma conta de mim, toma conta do diretor desportivo e em desespero, sentindo que não estava a invocar o nome de Deus em vão, rezei para que Deus permitisse que houvesse justiça: “- Pater nostrum qui es in coelum, sanctificetur nomen tu um, fiat volumptas tuas…”. Repeti uma, duas, três vezes e ainda uma, duas, três vezes: “- Ave maria gracia plena…”. Obriguei violentamente o César a repetir comigo “- Pater nostrum qui es in coelum.” E ele repetiu “- Panem ostrum esclorum”. Fiquei com dúvidas que Deus compreendesse o pobre latim do meu querido condutor e continuei a rezar sozinho a minha oração preferida, que foi Jesus que nos ensinou, com certeza em latim pois era a língua oficial do império Romano: “- Pater nostrum qui es in coelum…” e fez-se justiça:
Franciscus vincit. Roriz vincit
Por: António Matias* (professor)
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