Alimentação consciente: o que é?

Maio 9, 2023 Atualidade, Concelho, Opinião

Tânia Martins Fonseca, Licenciada em Ciências da Nutrição pela Universidade Católica Portuguesa. Atualmente desenvolve atividade enquanto Coach na área do Bem-Estar e como promotora de um estilo de vida ativo e saudável nos social media.

Uma alimentação consciente engloba quem você̂ é, o que o seu corpo precisa, o que deseja para si, a saúde que ambiciona ter e o ambiente onde vive. Avaliando estes fatores conseguimos perceber o impacto (positivo ou negativo) que a alimentação que escolhemos pode ter no nosso dia, na nossa saúde, na nossa predisposição e nos nossos objetivos.


Será a nossa alimentação variada o suficiente para que nada nos falte? Ou será que ultimamente “desempacotamos” mais do que descascamos? E se desempacotados mais do que o que descascamos, o que “desempacotamos”? Porque sempre que não temos tempo de preparar a nossa própria comida, há sempre alguém que a prepara para nós, o que não reflete objetivamente uma atitude errada. O que é fundamental é fazermos uma boa gestão das nossas escolhas!
O tormento da comida “empacotada” encontra-se no medo pelos alimentos processados. No entanto, a dúvida não deve ser se vamos comer alimentos processados, mas sim que tipo de alimentos processados vamos comer. Sempre que referimos alimentos processados parece que falamos de alimentos menos bons, mas simplesmente significa que aquele alimento passou por um processamento alimentar. Os iogurtes e os queijos passam por um processamento alimentar e, nesse grupo, encontrámos uns mais saudáveis e outros menos saudáveis, também as batatas de pacote são processadas, – nenhum destes alimentos apareceu de forma natural, para existirem foi preciso transformá-los. Não podemos rotular o processamento alimentar como algo que culmina num alimento não saudável, pode ser ou não saudável, o importante é refletirmos sobre a sua natureza! Provavelmente, comemos alimentos processados todos os dias. O que devemos fazer é limitar o consumo de alimentos mais ricos em gordura, sal e açúcar e, também, os pobres em vitaminas, minerais e fibras.


A consciência passa também por adequar a quantidade e a frequência e não restringir. O impacto das nossas ações manifesta-se essencialmente pela repetição e não por um único acontecimento!


Vivemos numa era em que estamos constantemente expostos à informação, e a alimentação consciente passa também por questionarmos a informação que recebemos, devemos ser capazes de perceber que o que é ótimo para o Sr Manuel pode não fazer tanto sentido para a Sra Maria. Vamos pensar num exemplo prático: a Joana não gosta de leite, mas como apresenta problemas de ossos e ouviu dizer que o leite é bom do ponto de vista nutricional para a nossa saúde óssea, começou a beber leite diariamente. Apesar de haver outros alimentos que são também ricos em cálcio como a gema de ovo, a amêndoa, o feijão ou a couve-galega, que são opções que a Joana até gostava mais do que o leite, mas que nunca soube que eram uma opção. O fator individual é uma peça importantíssima na alimentação consciente. Reflete sobre o que é melhor para si!


Uma alimentação consciente passa também por olharmos para a sustentabilidade e a pegada ecológica. Tendo em conta esse ponto de vista, fará sentido comprar um alimento por ser biológico, ainda que tenha feito uma viagem enorme para chegar até ao meu prato? Ou será mais vantajoso consumir alimentos de produção local e da época? Existe um tempo certo para tudo, e a natureza é exímia nisso! Desta forma devemos também respeitar a sazonalidade dos alimentos que comemos – comer morangos em pleno Inverno parece pouco natural, da mesma forma que comer dióspiros em Maio.


Não há como fugir, o que escolhemos diariamente para as nossas refeições reflete-se no nosso dia-a- dia, como por exemplo na nossa energia. Se temos de tomar 5 cafés por dia para termos energia é porque alguma coisa não está certa – ou não estamos a ter um descanso adequado ou talvez a nossa alimentação não esteja a ser suficiente. Apesar do nosso corpo nos dar sinais disso mesmo, por vezes não os conseguimos entender, não os queremos ouvir ou achamo-los normais.


Neste período em que tanto se fala de alimentação saudável caímos na “tentação” de olhar para os alimentos como se tratassem de um único nutriente: a carne é proteína, o arroz é hidratos de carbono, a laranja é vitamina C… em vez de os vermos como um todo. Perdemos a consciência da funcionalidade dos alimentos. Procuramos usar açúcar amarelo na sobremesa de domingo porque tem mais nutrientes que o açúcar branco, mas fará sentido procurar nutrientes no açúcar? Açúcar serve para adoçar e dar prazer, e não para fazer parte da nossa contabilização de nutrientes.

Da mesma forma, o terror e o medo abismal do açúcar aterroriza as famílias. Parece que num abrir e fechar de olhos as frutas passaram a ser apenas açúcar e esquecemos todo o seu valor nutricional de vitaminas, minerais e fibra. Pensamos ser inteligentes ao procurar nutrientes no açúcar das sobremesas, mas fechamos a porta às frutas porque têm açúcar – que é natural! Onde se enquadra a consciência alimentar no meio destas decisões?


Tendo tudo isto em mente, uma alimentação consciente deve ser leve, inclusiva e simples. O que vai fazer a diferença é o equilíbrio – sabermos que existe espaço para todos os alimentos e aquilo que deve mudar não são propriamente os alimentos que escolhemos, mas sim a frequência e as quantidades que consumimos. Pensar desta forma traz-nos leveza! A nossa alimentação não deve ser o nosso calcanhar de Aquiles, mas sim o nosso escudo! Mesmo que em alguns dias façam parte escolhas menos alinhadas com os objetivos, mas em função da falta de tempo e da vida agitada – não é o que fazes esporadicamente, é o que fazes repetidamente!

Alimentação também é conforto, também é prazer!

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