
Nesta semana, apresentamos o dançarino Daniel Costa, depois de termos ficado a conhecer o percurso da yogi Adriana Torres.
Se tiver interesse em participar ou em sugerir alguém inspirador para esta rubrica, escreva para o email: barcelensesinspiradores@outlook.pt.
Daniel Costa nasceu a 29 de março de 1988, na cidade de Barcelos.
A dança sempre esteve presente na sua vida, mas só a partir dos 16 anos surgiu o interesse e as oportunidades de dançar «de facto». É professor do 1º Ciclo do Ensino Básico licenciado pela ESE-IPVC, curso que concluiu sem nunca desfocar do seu verdadeiro interesse e paixão: a dança! Iniciou-se nesta área artística em Barcelos, mas logo que teve oportunidade frequentou academias na Póvoa de Varzim, onde, na altura, a dança estava um passo à frente. O diploma em Dança pela PROMOFITNESS, assim como as formações anuais em Londres, chegariam alguns anos mais tarde, complementando a sua formação nesta área.
Em 2009, iniciou um projeto de «Dança para Todos», a ARCA Dance Studio, na Associação Recreativa e Cultural de Arcozelo (ARCA). Os objetivos eram simples: a dança, na sua forma mais lúdica, deveria ser acessível a todos e servir para desenvolver as capacidades artísticas das crianças e jovens e apoiar o desenvolvimento cultural da freguesia de Arcozelo e do concelho. Anos depois, o projeto tinha mudado completamente a face da associação no qual fora integrado e o panorama da Dança em Barcelos.
Atualmente, praticamente 10 anos depois, Daniel Costa tornou um pequeno grupo de crianças, que dançava de forma inocente, numa verdadeira escola, onde todos têm oportunidade de dançar e desenvolver as suas aptidões artísticas, culminando com as recentes conquistas no campeonato do mundo da dança, o Dance World Cup, de duas medalhas de ouro e uma de bronze, garantindo o 4º lugar para a escola portuguesa mais medalhada do concurso.
Quem és tu? Conta-nos quem és apenas como tu te conheces.
Ui, isto vai ser uma autorreflexão muito complexa: acho que pessoalmente sou muitas coisas, mas não sou nada simples e de fácil compreensão. Tenho um lado forte muito criativo e, por vezes, até infantil. A minha cabeça está sempre a imaginar e a criar coisas, raramente estou com os pés assentes no chão. Desde que me lembro que sou assim: quando andava na escola primária não conseguia estar atento nas aulas, estava antes a imaginar como seria se a escola fosse invadida por dinossauros! Sempre fui fascinado por tudo que era fantasia: livros, filmes, histórias, tudo! Penso que a minha paixão pela dança e pelas artes, no fundo, talvez tenha sido a forma que encontrei de trazer essas «fantasias» e «histórias» para a minha vida quotidiana e, naturalmente, de as contar e transmitir aos outros. Mas também tenho um lado social, mais maduro, de ligação aos meus amigos, à família e ao meu trabalho, de responsabilidade, participação e interesse por coisas mais sérias, como a Política e a História.
Podem entender como sonhos ou o que seja, mas traço-os como objetivos e, normalmente, corro atrás deles e, sim, todos aqueles dos quais fui atrás, que queria de facto, realizei.
O que fazes é uma extensão de quem és?
Sim, obviamente. Como disse, acho que a Dança foi uma forma que arranjei de exprimir tudo aquilo que me vai na cabeça. A ARCA Dance Studio foi um projeto ao qual já dediquei grande parte da minha vida, muito trabalho e muito sacrifício. É natural que seja um pilar insubstituível daquilo que sou hoje.

De que forma impactas a vida do próximo?
Isso é difícil de dizer…deveriam ser as pessoas a responder! Acho que, de uma forma ou de outra, estou ou já estive presente na vida de muita gente, proporcionei momentos únicos a grande parte delas: dei-lhes oportunidade de, tal como eu, viver os seus sonhos, crescer, fazerem parte de algo e trabalhar em função de um grupo. Isso são experiências e aprendizagens que marcam a vida das pessoas.
Se pudesses ter a atenção do mundo durante 5 minutos, o que dirias ou farias?
Que não deixem ninguém dizer-lhes o que podem ou não fazer! Sigam atrás daquilo que vocês acreditam e desejam! Conseguimos alcançar tudo com dedicação e, sobretudo, querer!
Ao longo da tua vida, quem foram algumas das pessoas que mais te influenciaram?
Eu acho que sempre tive uma personalidade muito marcada, objetivos e metas muito definidas, coisas que queria fazer. Não tive ninguém que me influenciou nesse sentido, no sentido de ser aquilo que sou hoje, mas tive pessoas que me inspiraram e, claro, apoiaram. Nesse sentido, a minha família foi a minha maior influência e suporte.
Atualmente, que figuras de influência tomas como exemplo?
Bem, esta pergunta para mim tem dois sentidos: primeiro, no plano profissional, claro que obviamente sigo o trabalho de vários professores, coreógrafos e bailarinos, mas ao contrário de muitos da minha área, que valorizam mais grandes artistas de renome, eu prefiro acompanhar pessoas como eu, que no dia a dia trabalham com crianças, jovens e adultos, e criam! Não estão nos Estados Unidos, nem em Londres, estão aqui, na Póvoa de Varzim, em Leiria, Vigo, no Porto. Eu acho que esse tipo de trabalho, sim, é uma referência para mim, sim, é algo que tem valor! São pessoas que se debatem, todos os dias, com variadas limitações e obstáculos e, mesmo assim, conseguem ir lá fora, conseguem fazer algo pela arte e a cultura nas suas cidades!
No plano pessoal, tenho outras referências, muitas políticas e históricas: adoro Winston Churchill, já li alguns dos seus livros, inclusive, as memórias da Segunda Guerra Mundial, e é talvez a personalidade mundial que mais me interessa e apaixona: foi e ainda é um verdadeiro exemplo de resiliência, defesa das suas convicções e, sobretudo, uma pessoa que lutou por aquilo que amava, neste caso, o seu país, até ao fim, apesar de todas as dificuldades e tropeções que teve pelo caminho.
Diz-nos um barcelense que te inspire e porquê.
Barcelenses que me inspirem? Eh pá, tenho pessoas que admiro! Há muito talento em Barcelos, é verdade, conheço alguns, sigo o seu trabalho e, claro, quero que continuem a ter muito sucesso: João Dias, Hugo Martins, vulgo Cálculo, que é meu familiar, Sílvio Ferreira, que também é bailarino e meu familiar (sim, tenho muitos artistas na família)! São pessoas super talentosas! Imensamente, diria!
Como gostarias de ser recordado?
Há uns 10 anos, quando iniciei o projeto da ARCA Dance Studio, perguntaram-me, numa entrevista da Rádio, como é que eu imaginaria a ARCA daqui a uns 10 anos. Eu disse que imaginaria que fosse um lugar de aprendizagem e formação de renome, que levaria a dança até muitas pessoas! E foi o que aconteceu! Quero que as pessoas se lembrem de mim como uma pessoa que levou a Dança até muita gente, que proporcionou, não só, momentos, mas também aprendizagens para a vida, a muita, muita gente! Alguém que mudou a face da dança no concelho!
Por: Sandra Santos (Poeta e Tradutora) e Iara Brito (Criminóloga)*.
(* A redação do artigo é única e exclusivamente da responsabilidade das autoras)