
A pandemia do COVID-19 fez disparar a taxa de desemprego em Barcelos, à semelhança do verificado no Quadrilátero Urbano e a nível nacional. Jovens são os mais afetados por este flagelo. Urge a implementação de políticas públicas mais eficazes de apoio à sobrevivência das empresas e à manutenção do emprego.
O desemprego é um dos maiores problemas sociais, essencialmente para o desempregado e sua família, mas também do ponto de vista político. Para além dos inúmeros problemas de ordem social e económica que o desemprego origina, a vertente psicológica também é afetada pelo mesmo, derivado da diminuição da qualidade de vida e do bem-estar. Inúmeros estudos evidenciam que o desemprego aumenta os problemas relacionados com a saúde física e mental do trabalho, nomeadamente, ao nível da sua autoestima, insatisfação e frustração.
Apesar de nos últimos anos, a taxa de desemprego em Portugal ter vindo a baixar paulatinamente, a pandemia do COVID-19 veio provocar a inversão drástica dessa tendência, não só a nível nacional, como ao nível dos Concelhos do Quadrilátero Urbano (Barcelos, Braga, Famalicão e Guimarães). O Concelho de Barcelos não foi, assim, exceção, registando-se uma subida no número de desempregados na ordem dos 26,8% entre o mês de setembro de 2019 e o mês de setembro de 2020, segundo os dados do Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP) recentemente divulgados. Os jovens com idade até 25 anos continuam a ser a faixa etária mais fustigada pelo desemprego, com essa tendência a acentuar-se, ainda mais, com a crise económica e financeira derivada do COVID-19. Os dados revelam que esta faixa etária regista, atualmente, um nível de desemprego nuns preocupantes cerca de 27%.
A boa notícia destes dados deriva de no mês de setembro de 2020 existir uma recuperação no número de desempregados no Concelho de Barcelos, passando dos 3113 desempregados no final de agosto de 2020 para os 2814 no final de setembro deste mesmo ano. Porém, a força da segunda vaga da pandemia que vivemos faz prever que essa tendência de recuperação seja invertida nos próximos meses. Por outro lado, com o aproximar do fim das moratórias e do lay-off, bem como a mais que previsível queda drástica nas vendas do comércio durante a época natalícia de 2020, é expectável que exista um aumento dramático do número de falências e no desemprego. O risco de atingirmos a maior destruição laboral alguma vez vista em um só ano é cada vez mais real.
O Orçamento de Estado para 2021 deveria, assim, denotar uma maior preocupação com a sobrevivência das empresas, considerando-as como o motor do crescimento económico e da criação de emprego, apostando em estímulos às empresas para a criação de mais emprego e melhor emprego. O apoio ao emprego deveria ser a prioridade económica na atualidade, em substituição da tradicional estratégia de um apoio ao desemprego.

Torna-se premente adotar políticas, quer a nível nacional, como a nível local, de apoio à recuperação e manutenção do emprego. Políticas que visem o apoio à criação de empresas, à contratação, que incentivem o empreendedorismo e a criação de postos de trabalho. Programas de formação específicos para desempregados e para a reconversão de competências, programas de apoio a estágios de inserção no mercado de trabalho e medidas específicas destinadas aos jovens desempregados, devem ser a prioridade. Porém, estas intervenções não podem ser efetuadas de uma forma avulsa e descontrolada, mas sim, de forma eficaz e articulada entre os diversos players no terreno, como Governo, IEFP, Autarquias Locais, Associações Empresariais, Entidades Formadoras, entre outras.
O tempo urge na implementação de políticas de apoio ao emprego. Estamos a viver uma crise económica, financeira e social muito forte e com características diferentes de qualquer uma das crises anteriores, tornando-se elementar uma alteração no paradigma sobre o modo como as políticas públicas de combate ao desemprego têm sido implementadas nas últimas décadas.
Por: Alexandrino Ribeiro*.
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Foto: DR / Mário Proença.