
No artigo anterior, deixámos duas questões em aberto, que vamos tentar responder neste artigo:
A questão do insucesso escolar, a partir de certa altura, passou a ser um problema social e não individual, sendo vários os sistemas e subsistemas que influenciam esta problemática.
Partindo das múltiplas causas que estão na base do insucesso escolar, é de todo impossível isolá-las, uma vez que se trata de um processo interligado entre vários agentes educativos, desde os alunos, as famílias, os professores, a escola, o sistema educativo e a própria sociedade.
Estudos comprovam que, em famílias mais carenciadas, a probabilidade de os alunos apresentarem níveis de desmotivação escolar é superior. Quer por questões relacionadas com o apoio familiar que estes jovens, em idade escolar, se vêm obrigados a prestar à sua família, quer por um conjunto de outras questões que os acaba por afastar do seu percurso escolar.
Contudo, a importância da vida escolar e a sua obrigatoriedade é, cada vez mais, uma preocupação dos Governos. A abrangência desta informação deve, por isso, chegar a todos, incentivando as famílias mais carenciadas para o valor da formação/educação, como um veículo para a vida profissional dos seus filhos.
A causa económica poderá ser, de facto, um entrave, mas não uma justificação.
Nos dias de hoje, são vários os apoios escolares, através de subsídios a nível nacional e local. Todavia, nesta questão, levanta-se um outro problema, o rendimento escolar. Uma vez que, na maioria das vezes, estes subsídios são atribuídos em função do sucesso do aluno. É assim, neste campo, que a Escola e os seus agentes educativos assumem um papel de extrema importância. A Escola deve, assim, oferecer um programa educativo apelativo, que motive o aluno, através de aprendizagens mais informais e lúdicas, envolvendo a família em todas as atividades letivas.
Não é de todo fácil identificar as causas do insucesso escolar e não há uma receita única para o combater, pois cada aluno é um ser único, com características e personalidades diferentes, inseridos em contextos tão diferenciados. Claro que a partir desta realidade, já percebemos que se trata de uma situação bastante complexa, com um grau de dificuldade exigente para os diferentes intervenientes. Todavia, conhecemos projetos educativos a nível nacional que já provaram que é possível minimizar o insucesso escolar e, por sua vez, o seu precoce abandono.
Por: Dr.ª Maria José Amaral Neco*.
(* A redação do artigo de opinião é única e exclusivamente da responsabilidade da autora)