
O ensino à distância, e-learning e b-learning, são práticas cada vez mais presentes nas modalidades de educação escolar, tornando-se numa alternativa válida ao ensino tradicional/presencial, através do diploma enunciado na Lei de Bases do Sistema Educativo Português.
Sabemos que, atualmente, o sistema educativo português utiliza um conjunto diversificado de meios de comunicação, que potenciam uma viragem gradual e progressiva na forma de ensinar e aprender. Mas será que o nosso sistema de educação, conforme se apresenta hoje, está devidamente preparado para desenvolver e implementar estas metodologias nos diferentes níveis de ensino? Será que o e-learning é utilizado de forma a estimular a autoaprendizagem? Será que permite atingir os mesmos resultados que o ensino presencial? Estas são questões que alguns educadores e educandos levantam no momento da avaliação do desempenho do aluno.
É certo que o e-learning é uma modalidade essencial no contexto educativo face às necessidades emergentes da atual sociedade, uma sociedade do conhecimento, da informação e da aprendizagem. Todavia, são muitas as dúvidas e lacunas que se verificam nesta modalidade de ensino.
Questiona-se, por exemplo, se faz sentido a aplicação deste paradigma mais construtivista, nos diferentes níveis de ensino, sendo esta modalidade uma prática que exige maturidade, autodisciplina, uma maior gestão do tempo, uma maior motivação e um maior desempenho comparado com o sistema educativo presencial. Neste contexto, parece-nos que o público privilegiado serão os adultos.
Esta evolução do paradigma educativo tradicional, centrada na sala de aula, para um paradigma onde a construção do saber se produz sem limitações de horário e de espaço físico, é de facto uma prática educativa e de aprendizagem ideal para o adulto, que por motivos profissionais ou geográficos não tem a possibilidade de frequentar o ensino presencial. Trata-se de um domínio da educação em que as novas tecnologias são essenciais na mediatização da transmissão de conteúdos e da relação pedagógica, de forma a ultrapassar as barreiras do espaço e do tempo, entre o professor e o aluno. Esta modalidade de ensino terá um maior impacto no âmbito da formação profissional como meio facilitador do ensino/aprendizagem ao longo da vida.
Reconhece-se que a aprendizagem on-line representa uma mudança paradigmática, não apenas para os alunos, mas também para os professores e restantes técnicos educativos.
No entanto, esta modalidade educativa não rompe com o paradigma tradicional, pelo contrário, assiste-se a uma articulação e complementaridade entre ambos, onde as diferentes realidades e necessidades de qualquer projeto político-educativo devem ser ajustadas.
Por: Dr.ª Maria José Amaral Neco*.
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