O Artesanato e os Jovens

Março 7, 2022 Atualidade, Concelho, Cultura
Daniel Alonso

Daniel Alonso natural de Galegos Santa Maria, é o convidado a escrever o artigo do mês de março no espaço da Intensify World. Aos 35 anos decide fazer da adversidade da pandemia uma oportunidade deixando o ramo da hotelaria para dar seguimento a uma tradição familiar, a olaria.

Quando foi desafiado para escrever o artigo de opinião sobre o artesanato e os jovens prontamente respondeu positivamente ao desafio.

“Darem-me a oportunidade de expressar a minha opinião sobre este assunto, enche o meu coração de orgulho!

É também uma grande responsabilidade falar deste tema, mas somos nós os jovens que temos que assumir a nossa parte para dar a continuidade as nossas culturas e tradições.

Para falar de artesanato não nos podemos esquecer que muitos dos artesãos que conhecemos hoje em dia, na sua grande maioria foram ou são pessoas que não decidiram ser artesãos!

São pessoas que aprenderam uma profissão e que na sua altura seria a sua forma de subsistir e viver.

Com isto quero dizer que, com o passar do tempo foram pessoas que tiveram de se reinventar várias vezes, e de certa forma adaptar o que aprenderam para continuar a subsistir da arte que aprenderam. Pretendo que se entenda que não foram todos os trabalhadores das várias áreas do artesanato que se tornaram artesãos, mas sim aqueles que acreditaram e se souberam adaptar.

Esse longo percurso vincou e traçou a nossa cultura e muito daquilo que vemos representado no artesanato do nosso pais!

Isto leva me para o ponto para qual me convidaram para escrever!

Dizer que o presente e o futuro do artesanato dependem dos jovens está correto, no entanto não podemos esquecer que há um papel fundamental desempenhado pelas entidades competentes! Mas também não é da responsabilidade dessas entidades! Essas funcionam como pontes que ligam os artesãos da antiga com a nova geração, mas nunca poderão fazer o trabalho que tem que ser feito pelos novos artesãos. Esse trabalho a que me refiro são a criação, inovação, a reinvenção e a constante procura de novos mercados.

De importância semelhante ao que me referi nas alíneas anteriores, somos nós jovens que precisamos de olhar cada vez com mais respeito para artesanato e comprar o que é nosso. Assim, assumindo as redes sociais como um espelho da forma ideológica percentual da nossa sociedade, e em uma época em que vemos os utilizadores quererem ser mais autênticos e genuínos, pessoas que vão a lugares únicos e que têm gostos singulares dotados de opiniões tão próprias, proponho que vejamos no artesanato a oportunidade fabulosa de ter algo tão único, tão nosso. Do artesanato proveem produtos únicos que muitas das vezes, são tão ímpares como os gostos modernos, ou então… são personalizáveis e não se vendem em nenhuma “banal” multinacional. Reforço a ideia dizendo que se o produto for bem escolhido tenho a maior das certezas que será de qualidade superior á maior parte dos produtos que se encontram nas lojas da “moda”! Findo este tópico, dizendo que comprar artesanato não é engordar um ou vários multimilionários, mas sim dar um pouco mais de conforto a uma família tão normal como a nossa.

Compete a nós, novos potenciais artesãos, que partimos de forma diferente dos nossos ancestrais sabendo a realidade do artesanato dos nossos tempos, temos que nos adaptar da mesma forma aos tempos que presenciamos e temos que aprimorar a nossa perícia para agradar ao vasto leque de gostos do nosso público.

Será determinante acompanhar todos os tipos de mercado e assumir uma estratégia de publicidade para nos dar a conhecer ao mundo. Temos de acreditar no nosso produto e através da nossa originalidade, assumir uma presença no artesanato verdadeira e genuína. E quando vendemos artesanato, que cada venda não seja apenas uma venda mas sim um bocadinho de nós, da nossa marca, que vai com o cliente para sua casa!

Isto sem esquecer que muito do futuro do artesanato, passa com certeza pela honra e ética profissional, pois temos de criar as nossas vendas, e acarinhar os nossos companheiros de profissão pois sem eles não fazemos feiras e sem feiras não enchemos recintos, esta é também uma temática muito importante, não se pode olhar para outro artesão mesmo sendo da mesma área como concorrência, temos que conseguir perceber que quanto mais oferta, maior será a abrangência de publico. Ainda não senti na pele nenhum tipo de arrogância pelos companheiros, mas desengane-se quem achar que isso não acontece porque na minha opinião esse sentimento é tao antigo quanto a profissão, mas é tao errado como a idade que tem.

Em jeito de conclusão olho para o futuro do artesanato com bons olhos, acredito que este trabalho que tem vindo a ser feito para a preservação e divulgação do artesanato terá um bom impacto no eco do futuro e convido todas as gerações não só as mais jovens a virem viver o artesanato em qualquer exposição de norte a sul do país, brindem ao que é verdadeiramente nosso!

Uma opinião será sempre uma opinião nunca uma verdade assumida! Neste texto tentei expor alguns temas importantes para o futuro do artesanato português sem nunca pensar só em benefício próprio, mas sim como um todo. Amanhã se não fizesse parte do artesanato português a opinião seria a mesma.”

Por: Daniel Alonso

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