
Nas últimas décadas, os países da União Europeia, nomeadamente Portugal, têm vindo a apostar numa educação de excelência com reflexo ao nível da formação e da empregabilidade. Falamos do desafio que as Instituições de Ensino Superior sofreram com base na Declaração de Bolonha.
Esta reforma do ensino superior tem como objetivo principal, a criação de um espaço europeu que suprima as desigualdades de acesso e a frequência do ensino nos países signatários. Uma vez mais, estamos perante uma agenda política europeia no setor educativo. Com o intuito da uniformização das políticas educativas no ensino superior, todas estas mudanças visam tornar este nível de ensino cada vez mais atrativo e competitivo, promovendo a mobilidade dos estudantes e criando um sistema que facilite a legibilidade dos graus académicos.
Com o Processo de Bolonha, foram criadas condições para que a maioria da população portuguesa aceda ao ensino superior. Este deixou de ser um espaço privilegiado dos cidadãos com estatuto social elevado, para abranger estudantes dos mais variados status sociais.
Em Portugal, verifica-se uma procura elevada por parte dos cidadãos aos cursos superiores. Para aquisição de novos conhecimentos, ou como impulsionador de inclusão social, o ensino superior no nosso país carece de uma grande importância social, económica e cultural. Todavia, apesar de todos os esforços governamentais e institucionais das reformas estruturais e funcionais dos cursos de ensino superior, verificamos que ainda existem muitos cursos desajustados ao mercado de trabalho, muitos agentes educativos que ainda estão ligados às práticas pedagógicas tradicionais, permanecendo como meros transmissores do conhecimento. Este novo paradigma pressupõe um ensino mais aberto e colaborativo, em que o aluno dever ser o centro do processo de ensino/aprendizagem, um processo construtivo e contínuo, valorizando também, o conhecimento tácito de cada estudante.
Estas alterações estruturais e funcionais do ensino superior acabam por atrair cada vez mais estudantes. Com o processo de Bolonha, a proliferação nacional e europeia dos graus académicos e títulos, veio resolver o problema complexo das equivalências de estabelecimentos entre países, verificando-se assim uma desobstrução dos sistemas nacionais, incentivando a mobilidade estudantil.
Por: Dr.ª Maria José Amaral Neco.*
(* A redação do artigo de opinião é única e exclusivamente da responsabilidade da autora)