Nos dias 2 e 3 de março, pelas 21h30, a Nova Comédia Bracarense – Companhia de Teatro Amador de Braga, leva a cena, no Teatro Gil Vicente, a sua peça “As Artimanhas de Scapin”, que é uma comédia de Molière.
O encenador, Fernando Pinheiro, revela-nos um pouco da peça:
«Num momento em que a cena vem sendo tomada por projetos que procuram apenas o riso pelo riso, em exercício de grande solidão estética, e em que muitas companhias são tentadas a representar peças de fundo literário, já para não falar de um pseudo-teatro insipiente, carecido de forma e conteúdo, convém regressar àqueles clássicos que constituem uma fonte inesgotável de ensinamentos. É o caso de Molière, cuja lição precisa de ser recuperada. Sem dúvida que foi considerado o maior comediógrafo da história do teatro; mas para chegar a essa excelência, foi um assíduo frequentador de teatros de Paris, aprendeu com grandes mestres, particularmente com Scaramouche e os cómicos italianos, estudou em profundidade a sociedade do seu tempo, adquiriu a difícil técnica do ator rigoroso e versátil, escreveu peças de fundo social e desempenhou os papéis das suas personagens principais. Ele soube como nenhum outro descobrir a missão histórica, social e cultural do teatro; a qual, para atuar sobre a consciência do público, tinha de ser necessariamente estruturada em linhas claras, em juízos pertinentes e em diálogos e movimentos leves e graciosos.
Depois de toda essa aprendizagem, Molière usou a comédia para atacar impiedosamente os males que minavam a sociedade em que viveu, expondo nas tábuas do palco toda uma imensa galeria de libertinos, hipócritas, maníacos, ignorantes, devassos, avarentos… Contrariamente, celebrou em cena a liberdade amorosa dos jovens amantes, a dignidade sentimental da mulher, a inesgotável capacidade sobrevivente dos simples. Em “Artimanhas de Scapin”, para lá do seu impagável histrionismo, Molière “explica” como a avareza da velha burguesia parisiense pode concorrer para a infelicidade dos jovens, e como o estado da justiça é um empecilho para o desenvolvimento da França do séc. XVII. E dourou tudo isso com um cómico de situação só ao alcance daqueles a quem as musas da poesia concedem as suas liras de sonho e encantamento. Não sem razão ficou para a história a sua máxima de que «o dever da comédia é corrigir os homens divertindo-os».
Esta peça de teatro não está ao abrigo do Cartão Quadrilátero. Para mais informações, pode utilizar o e-mail tgv@cm-barcelos.pt e/ou o telf. 253809694
Fonte: AB.
Imagem: NCB.