Um início de ano atribulado que tenta a todo o custo virar a página do anterior. Com desafios incógnitos por diante, existe ainda um receio instalado acerca dos efeitos a médio e longo prazo provocados pela pandemia.
Com duas crises profundas no espaço de uma década, o impacto em mais que uma geração é transversal a praticamente toda a sociedade portuguesa. Os efeitos são conhecidos de todos. Comércio encerrado, a atividade turística suspensa e um sem-número de outras atividades em permanente luta para manter alguma perspetiva de futuro.
Nem todos os segmentos da atividade estão, felizmente, sujeitos a uma total paralisação. Entre eles, o imobiliário nacional, que continua a registar valores positivos. Esta é não só uma boa notícia para quem nele tem interesse, mas também para uma economia em suspenso onde toda a riqueza criada se torna ainda mais essencial.
Será Agora o Momento de Comprar?
Quem melhor o poderá indicar são as estatísticas presentes no mais recente barómetro do imobiliário nacional da Imovirtual. A evolução entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021 registou um crescimento na ordem dos 0,5%. Em termos práticos, tal coloca o valor médio de venda nos €347.955, ligeiramente acima dos €346.386 do mês anterior.
Nos distritos onde ainda é possível encontrar habitação a preços económicos, o panorama é seguramente mais apelativo. O preço médio das casas em Bragança situa-se em janeiro nos €214.479, um decréscimo de -1,6% em relação ao mês anterior.
No mesmo sentido segue Évora, onde a quebra é mais acentuada e na ordem dos -4,7% ao estabelecer o preço médio de venda mais recente nos €194.801. É precisamente esta variação em baixa que poderá indicar um momento ideal para avançar para uma aquisição.
Outros exemplos como a Guarda, onde o valor médio de venda se situa agora nos €119.444 ou Portalegre, com €113.037 sugerem também uma janela de oportunidade temporária que, ao contrário dos anteriormente mencionados, registaram uma subida de 3,1% e 0,4% respetivamente.
Preços de Venda a Verde
O elevado valor da média nacional, muito para além das capacidades dos portugueses com níveis de rendimentos médios, é em muito impulsionados pelo mercado de luxo nos grandes centros urbanos. Lisboa, Porto, Faro e até a Região da Madeira têm ao longo dos últimos anos assistido a uma escalada de preços à boleia da crescente procura turística.
Lisboa é indiscutivelmente dona do lugar cimeiro desta tabela, com um valor médio de venda em janeiro de 2021 de €556.290. No que toca ao arrendamento, o quadro é bastante semelhante, com um valor médio praticado de €1.314.
Faro, em muito marcado pelo mercado de luxo, coloca os valores médios de venda nos €451.194 e o arrendamento, numa liga completamente distinta, nos €865. A Região Autónoma da Madeira cimenta o terceiro posto com €333.773 na média do mercado de venda e €845 no arrendamento. Por fim, o Porto ocupa um honroso quarto lugar, com €309.469 como valor médio de venda e €868 no arrendamento.
O quer que o futuro traga ao imobiliário nacional, parece ser muito provável que continuará a ser encarado como um mundo de oportunidades para muitos. Parece claro que a resiliência é o termo que melhor o caracteriza, acrescido de um potencial com muito espaço por explorar.