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Fake news, o que podemos fazer ?

Abril 7, 2021 em Atualidade, Concelho, Mundo Por barcelosnahorabarcelosnahora

Um quizz Media Veritas vai testar o que sabemos sobre redes sociais e mentiras online. Além de prémios interessantes, este jogo atribui um certificado aos participantes. Quem passar neste desafio pode ajudar a parar as fake news.

Somos nós que alimentamos a rede da desinformação. Assim, despreocupadamente, quase sempre com boas intenções. As fake news têm um objectivo final, depois de serem inventadas por obscuros interesses políticos e económicos, e de serem postas no nosso feed por bots, skinheads ou agências de propaganda.

O objectivo final de toda essa rede é que nós as partilhemos, emprestando a nossa credibilidade de amigos, filhos, pais, tios, irmãos, a toda a gente que as vê quando partilhamos mentiras.

Com isso estamos, inconscientemente, a criar uma distopia. Uma comunidade em que não partilhamos o básico: penses o que pensares sobre um assunto qualquer (Covid, educação, saúde, personalidades, a guerra na Síria), há uma condição para discutirmos uns com os outros, falarmos, discordarmos ou concordarmos. Todos temos de estar informados.

Mas todos sabemos que a boa informação é cara, escassa, e os jornais e as televisões também podem errar.

É verdade. O jornalismo vive hoje uma crise. É um paradoxo. Nunca tivemos tanta informação disponível e nunca foi tão fácil encontrar documentos, explicações e factos. Mas estaremos mais informados? Os estudos demonstram que não. É que a informação é apenas mais um bem que temos ao nosso dispor, para consumir online, em competição com todos os outros que o nosso tempo limitado nos obriga a escolher (música, filmes, séries, jogos, chats, fotos).

A informação não pode competir pelo nosso tempo com as mesmas armas que o divertimento e o entretenimento usam para nos convencer. Porém, as redes sociais, que são um negócio publicitário, não hierarquizam a importância social das coisas. Dão-nos aquilo que sabem que nos vai interessar. É por isso que o jornalismo só pode perder a guerra se pensar que vai oferecer notícias bombásticas que nos vão seduzir, como as receitas de um chef, ou a nova temporada da Guerra dos Tronos.

O jornalismo de que precisamos é muitas vezes chato, explicativo, longo demais para lermos num telemóvel enquanto o semáforo está vermelho.

E esse jornalismo demora tempo, tem regras e nem sempre se torna “viral” na voragem das tabelas que medem o alcance online.  Por isso, hoje, infelizmente, muitas redacções preferem apostar no que dá cliques, para tentar com isso competir pela nossa atenção limitada.

Mas pensem assim: isto só pode piorar se dermos aos algoritmos das plataformas a tarefa de nos informar com critérios que não conhecemos e objectivos pouco altruístas (os algoritmos querem ter-nos sempre ligados, não querem que ganhemos o Prémio Nobel da Sabedoria).

Por isso, desistir do jornalismo não pode ser uma opção se queremos estar informados. Pelo contrário. Temos de saber exigir dos jornais, revistas, rádios e TVs que temos um regresso ao lema velho: tornem interessante aquilo que é relevante.

Para sermos livres, dentro e fora das redes (que vieram para ficar, estas e as outras que ainda não foram inventadas) temos de perceber que o problema é nosso. Sendo cépticos e não partilhando fake news, claro. Mas também exigindo um jornalismo mais sério e profundo, com mais trabalho e menos clickbait, com factos verificados e relevância. Esse jornalismo só pode existir se muitos quiserem pagar, seja assinando publicações, comprando nos quiosques, doando em campanhas de crowdfunding.

Os riscos que corremos se tudo ficar como está são evidentes. A cada dia que passa mais gente acredita que a Terra é plana, mais políticos que garantem que o Covid se cura com injecções de lixívia são eleitos, mais massacres acontecem a povos como os Rohingya, mais racismo e desigualdades teremos nas nossas vidas.

A dopamina que nos satisfaz com os likes nas nossas fotos, ou os elogios que nos fazem nas redes, não é nada comparada com a gratificação que devemos a nós próprios de não sermos cúmplices ou indiferentes perante a destruição do nosso bem comum mais importante: sermos livres, numa comunidade melhor. 

O quizz Media Veritas quer ajudar-nos a perceber se somos fortes ou fracos neste jogo da verdade e da mentira. E quer ajudar-nos a parar as fake news.

Quem sabe o que é um bot? Quem sabe identificar uma mentira famosa? Para os melhores resultados há prémios interessantes. Há também um certificado atribuído aos participantes.

Mas o que este jogo Media Veritas promete é ainda mais importante. Passar neste desafio ajuda-nos a perceber se estamos, ou não, preparados para sermos livres e responsáveis num mundo cada vez mais dominado pela inteligência artificial.

E para começarmos o desafio do quizz: há uma pergunta simples que devemos fazer de cada vez que navegamos em redes sociais ou encontramos um link qualquer que nos interpela numa pesquisa do Google. Essa pergunta é o mais importante travão que podemos, agora, usar para parar a desinformação. Devo ou não partilhar esta história?

Fonte: API

Foto: @juliusdrost

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