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Drª Marisa Marques

Saúde mental na 1º infância

Julho 31, 2022 em Atualidade, Concelho, Saúde Por barcelosnahorabarcelosnahora

O período entre o nascimento e a entrada na escola primária é, habitualmente, considerado feliz e sem preocupações, pelo que para a maioria das pessoas é surpreendente saber que um número significativo de bebés e crianças sofrem de uma perturbação mental relevante.

Dada a importância da deteção e intervenção precoce nestas crianças, tem havido nas últimas décadas uma crescente preocupação com a saúde mental nesta faixa etária. São reportadas na literatura como sendo frequentes as perturbações do sono, alimentação, regulação emocional, processamento sensorial e de comportamento, com taxas de prevalência que atingem 10 a 20% das crianças tenham um ou mais problemas de saúde mental, sendo destes 25% nos problemas alimentares e 23% nos problemas de sono moderados. A maioria destes problemas têm impacto no desenvolvimento da criança, tornando-as também mais vulneráveis a vir a sofrer de doenças mentais na adolescência ou vida adulta.

Nesta faixa etária, as crianças não possuem as mesmas competências cognitivas, emocionais, e verbais que as crianças mais crescidas ou os adolescentes, pelo que a família é um alicerce fundamental para o diagnóstico e posterior tratamento. Também as abordagens são diferentes das utilizadas em crianças mais velhas, sendo frequentemente necessário a observação da interação cuidador-bebé, a sua separação e a posterior reunião ou mesmo a observação direta na creche ou em momentos chave do problema, como por exemplo, uma refeição.

Nos dias de hoje, os pais passam os dias a correr, têm cada vez dias mais longos de trabalho e menos tempo para a família. Chegar cansado, sem ter uma noite seguida de sono há meses, e cuidar de um bebé/criança com algum problema, inevitavelmente aumenta os níveis de ansiedade dos adultos que moram em casa, o que se transmite, involuntariamente, para os mais pequenos, aumentando por sua vez os problemas iniciais das crianças, criando um ciclo fechado, que precisa de ser interrompido.

As perturbações de saúde mental da primeira infância são mais comuns do que se imagina, sendo por isso frequente a desvalorização dos problemas e atraso na procura de ajuda. Embora algumas das perturbações (como PHDA, Autismo, entre outras) não apresentem tratamento curativo, é sempre possível melhorar a qualidade de vida dos mesmos e da família com uma intervenção adequada, o mais precocemente possível. Segundo a Associação Americana de Psiquiatria da Infância e da Adolescência (AACAP) uma em cada cinco crianças apresenta evidência de problemas mentais e esta proporção tende a aumentar. De entre as crianças que apresentam perturbações psiquiátricas apenas 1/5 recebe tratamento apropriado. Ddo que a doença mental não tratada na infância tem sérias consequências na vida enquanto adolescente e mais tarde enquanto adulto, condicionando a saúde física e mental e limitando oportunidades de vida.

DIA MUNDIAL DA CRIANÇA : A importância das perturbações de humor

Junho 1, 2022 em Atualidade, Concelho, Saúde Por barcelosnahorabarcelosnahora

Cada vez mais se reconhecem a importância das Emoções e dos estados de humor no decorrer do desenvolvimento e no crescimento harmonioso das crianças. Sabendo que as perturbações de humor associadas a emoções negativas são altamente prejudiciais para o crescimento e desenvolvimento da criança.

As Perturbações de humor, mais conhecidas por depressões, são geralmente associadas a indivíduos adolescentes ou adultos. E será que as crianças podem sofrer de depressão? Será que os sintomas são os mesmos que se manifestam nos adultos? Como detetar a perturbação e qual o tratamento a seguir? Neste artigo vamos responder a estas e outras perguntas.

Depressão Infantil

O “mal do século XXI”, nas palavras da Organização Mundial de Saúde, afeta também os mais novos. A depressão infantil é uma realidade e sintomas como a apatia, isolamento, tristeza, alterações do sono e do apetite, diminuição do rendimento escolar, entre outros, não devem ser descurados — mesmo na fase pré-escolar, aos três ou quatro anos. Não há uma idade mínima para chegar ao diagnóstico.

Estudos recentes apontam para que a depressão infantil seja mais frequente do que inicialmente se pensava: cerca de5% das crianças e adolescentes possuem um grau significativo de depressão. De acordo com a última versão do Manual de Diagnóstico e Estatística das Doenças Mentais (DSM-5), da Associação Americana de Psiquiatria, a depressão tem uma prevalência de 2 a 5% entre crianças e adolescentes.

A depressão infantil é uma perturbação psicológica associada a algum aspeto de comprometimento da personalidade da criança, tal como baixa autoestima e autoconfiança. Os principais comportamentos da criança com depressão infantil são:

  • autodepreciação, tristeza, frustração, medos;
  • perda da energia habitual, diminuição do apetite e redução de peso;
  • hiperatividade, agressividade e irritabilidade;
  • alterações do sono;
  • Alterações do apetite, seja diminuição ou aumento marcados;
  • diminuição da socialização;
  • atitude negativa em relação à escola e baixo rendimento escolar.
  • Baixa autoestima e constantes sentimentos de culpa;
  • Extrema sensibilidade à rejeição e ao fracasso;
  • Fadiga, falta de energia;
  • Apatia, perda de interesse nas brincadeiras ou atividades que anteriormente a entusiasmavam;
  • Queixas somáticas;
  • Agitação psicomotora;
  • Entre outras.

Estão também associados sintomas somáticos como enurese/encoprese, dores de barriga e diarreia, dores de cabeça, vómitos, além de condutas socialmente menos adequadas. No entanto, há que referir que os sintomas da depressão na infância variam de acordo com a idade.

Até os 7 anos, as crianças, não apresentam competências verbais para expressar os seus sentimentos, desta forma, o diagnóstico de sintomas depressivos torna-se mais difícil nesta faixa etária. Assim, é necessário ter em especial atenção a comunicação não-verbal, a expressão facial, os desenhos e a postura corporal da criança. Deste modo, pais, educadores e professores devem estar atentos aos comportamentos da criança, sendo o baixo rendimento escolar um dos primeiros sinais do surgimento de um possível quadro depressivo. Os pais poderão identificar problemas no repertório comportamental da criança, variando desde extrema irritabilidade à obediência excessiva, ocorrendo ainda uma instabilidade significativa em relação a esses comportamentos.

Quanto mais problemas de comportamento a criança apresentar, maior será a probabilidade de um desenvolvimento atípico, visto que a depressão interfere nas atividades associadas à cognição e à emoção. A deteção precoce de sintomas depressivos em crianças evita que venham a desenvolver quadros graves, com prejuízos no convívio social e no ambiente escolar e familiar.

“mas ela ainda é tão pequenina ainda não sabe o que é vida e já tem depressão?”

A depressão infantil pode surgir na sequência de uma situação traumática ou um acontecimento sentido pela criança como traumático, como por exemplo uma separação, abandono, doença ou morte de alguém próximo, uma mudança de escola, são apenas alguns exemplos. No entanto por norma há uma situação, ou várias, que se relacionam.

Nem sempre existe um acontecimento único identificável, a causa da depressão infantil pode ser multifatorial. Alguns estudos sugerem que a genética possa ter alguma influência na propensão para o seu desenvolvimento. As crianças nascem com um património genético, mas depois estabelecem relações numa família, na escola e pode ou não experienciar acontecimentos de vida traumáticos. Para o desenvolvimento de um quadro depressivo, o meio ambiente é, por esse motivo, determinante. Um historial familiar depressivo pode, ser um sinal de alarme, pela importância dos aspetos relacionais e por poder significar uma situação vivida como negativa pela criança.

Como ajudar estas crianças?

As crianças têm maior dificuldade em exprimir verbalmente o que sentem e não existem sintomas exclusivos da depressão infantil, pelo que muitas vezes, não é fácil chegar ao diagnóstico. Pelo que no início, ocorre muitas vezes a incompreensão do que se está a passar com a criança, por parte dos pais e dos professores, não têm a clara perceção do problema, daí a extrema importância da procura de ajuda profissional.

Além da observação e avaliação dos sintomas verificados, atendendo à sua duração, frequência e intensidade, é importante ouvir os pais e outros cuidadores, perceber se a criança teve alguma experiência vivida como traumática e se em causa estão problemas relacionais, entre outros.

Na maioria dos casos é necessário pedir exames complementares de diagnóstico, nomeadamente os testes psicológicos para despiste de outras patologias, como por exemplo problemas de desenvolvimento, perturbações de comportamento, entre muitas outras.

De uma forma geral, os pais, familiares e professores devem estar atentos aos sintomas mencionados, uma vez que, as consequências da depressão infantil são principalmente ao nível do desenvolvimento cognitivo e emocional, iniciar devendo iniciar-se um tratamento precoce, evitando, dessa forma, maiores prejuízos.

Tratamento da depressão infantil

O recurso a antidepressivos, estabilizadores de humor ou outros psicofármacos no tratamento da depressão infantil continua a ser alvo de muita discussão e é uma questão controversa. Na minha opinião, a psicoterapia individual deve ser o tratamento de eleição, não excluindo também a intervenção com a família e, se necessário, com a escola ou outras pessoas e/ou entidades que rodeiam a criança.

O que não quer dizer que, em situações mais graves, não se recorra a medicação para alívio dos sintomas. A abordagem psicoterapêutica individual tem uma duração variável, consoante a severidade da situação, mas implica um acompanhamento regular que pode variar entre meses a anos.

Dai ser importante a ajuda profissional de um psicólogo, que poderá ajudar a criança a superar as suas dificuldades psicológicas, emocionais e sociais.

É preciso romper o silêncio: suicídio na infância e na adolescência!

Fevereiro 5, 2022 em Atualidade, Concelho, Opinião, Saúde Por barcelosnahorabarcelosnahora

Comportamento suicida é uma ação autolesiva, inclui gestos suicidas, tentativas de suicídio e o suicídio consumado. É importante realçar que a ideação suicida compreende pensamentos e planos de ação sobre suicídio e a tentativa de suicídio são atos de automutilação que podem resultar na própria morte. Sendo o suicídio “um ato de violência autoinfligido”

No entanto é importante salientar que o suicídio não deve ser avaliado como sendo o desejo de morrer, ma sim de acabar com tudo aquilo que está a provocar um sofrimento intenso que parece não ter solução.
Atualmente, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o suicídio é um problema de saúde pública a nível mundial, sendo responsável por 1 morte a cada 40 segundos no mundo, dado que se trata de um fenómeno complexo e multifacetado que resulta da interação de fatores de natureza filosófica, antropológica, psicológica, biológica e social.

Segundo a Direção Geral de Saúde na nossa população a maior prevalência do comportamento suicida encontra-se entre a idade adulta e a adolescência. Contudo nos últimos anos tem sido visível um aumento significativo deste comportamento em faixas etárias mais baixas, inclusive, com suicídios a partir dos 5 anos de idade.
Entre 2002 a 2012 houve um aumento de 40% na taxa de suicídio entre crianças e adolescentes (10 e 14 anos) e de 33,5% na faixa etária de 15 a 19 anos, no entanto com a situação pandémica foi visível novamente um aumento substancial nestes valores. Estes dados são a nossa maior preocupação enquanto profissionais de saúde mental e nos levam a questionar o que faz uma criança ou adolescente pensar ou acabar com a própria vida?

O suicídio é a segunda causa de morte entre as crianças e os adolescentes, como resultado da presença de perturbação mental, muitas vezes desconhecidas e/ou desvalorizadas. Por norma as crianças com risco de suicídio poderão apresentar-se: deprimidas ou ansiosas, apáticas e sem energia para atividades que anteriormente seriam prazerosas, alteração súbita de comportamentos, conversas sobre assuntos relacionados com a morte. Pelo que é extremamente importante começar-se a estar alerta e dar a devida atenção e acompanhamento à saúde mental desde os primeiros anos de vida.

Fatores de risco

A ideação suicida nem sempre termina em suicídio consumado, mas é um fator de risco para o mesmo e são diversos os fatores que normalmente interagem antes de a ideação se tornar comportamento suicida. Tais como:


• Morte de um ente querido


• Suicídio na escola ou entre pares


• Perda de um(a) namorado(a)


• Mudança de um ambiente familiar (como da escola ou da vizinhança) ou de amigos


• Humilhação por familiares ou amigos


• Situações de bullying


• Insucesso na escola

Tais acontecimentos stressantes por si só não levam a que as crianças e adolescentes tenham este tipo de comportamentos, contudo quando existem problemas subjacentes, mesmo não sendo justificativo é mais provável que aconteça, como perturbação de humor ou ansiedade, perturbação de controlo ou comportamento, abuso de substâncias, esquizofrenia, traumatismo craniano, PSPT, entre outros.

Um outro lado preocupante para os Psicólogos é que o comportamento suicida nas crianças acontece muitas vezes como sendo imitação de outros, como no caso de celebridades e as informações expostas pelos midia e redes sociais. Da mesma forma acontece quando episódios idênticos acontecem nas escolas e/ou com os seus pares.
Bem como a sua componente hereditária, em que o suicídio é mais provável em famílias com predisposição para as perturbações de humor, especialmente caso haja um histórico familiar de suicídio ou outros comportamentos violentos.

Diagnóstico

Pais, médicos, professores e amigos podem estar numa posição que lhes permita identificar as crianças que podem tentar o suicídio, em particular aquelas que tiveram uma recente mudança de comportamento. As crianças e adolescentes que exprimem abertamente pensamentos de suicídio (como “quem me dera nunca ter nascido” ou “gostaria de dormir e nunca mais acordar”) estão sob risco, tal como as crianças com sinais mais sutis, como retraimento social, retrocesso escolar, perda de prazer em atividades do dia-a-dia anteriormente prazerosas.

Nestes casos os profissionais de saúde têm duas funções principais:


• Avaliar a segurança e a necessidade de hospitalização da criança suicida


• Intervir nas perturbações subjacentes, como a depressão, ansiedades, problemas familiares, abuso de substâncias, entre outros.

Apoio médico é essencial. O encaminhamento da criança ou adolescente com tendências suicidas a profissionais qualificados como pediatras, psicólogos e psiquiatras pode salvar uma vida!

Tratamento

Qualquer tipo de tentativa de suicídio deve valorizada e mobilizando todos os recursos para a situação, porque um terço das crianças com comportamentos suicidas acabam por consumar o ato. Por norma começa por alguns pequenos ferimentos, como alguns arranhões superficiais no pulso, mas com o passar do tempo estes atos tornam-se cada vez mais intensos e autolesivos.

O tratamento pode envolver hospitalização caso o risco seja elevado, farmacoterapia e terapia individual e familiar.
A decisão de hospitalização depende do grau de risco, dado que é o modo mais garantido de proteger a criança e é geralmente indicada quando existe algum diagnóstico de perturbação mais severa, como a depressão. Em casos de a hospitalização não ser necessária, as famílias das crianças deverão ser apoiadas de forma a eliminarem todos os fatores de risco que a criança e adolescente possam ter para manterem os comportamentos suicidas. No caso da criança e/ou adolescente deverá ser encaminhado para psiquiatria e psicologia para devido tratamento, farmacológico e psicoterapêutico.
O tratamento é mais eficaz e eficiente quando existe a envolvência de toda a equipa médica (médico de família/ pediatra, psiquiatra e psicólogo).

Dicas para familiares

Sinais possíveis de ideação suicida em crianças e adolescentes:


• Humor deprimido


• Diminuição do rendimento escolar


• Aumento do isolamento social


• Perda de interesse em atividades anteriormente prazerosas


• Mudança na aparência (negligência ou desleixo nos cuidados pessoais)


• Aumento do interesse em temas relacionados à morte


• Aumento da irritabilidade, crises impulsividade e agressividade


• Alterações no comportamento


• Uso de álcool ou drogas


• Mudança no padrão do sono e/ou apetite


• Uso de expressões verbais “auto-destrutivas” – “Queria morrer”

Por: Drª Marisa Marques

A Consulta de Crise Psicológica na Infância e Adolescência – Um Recurso Útil?

Setembro 17, 2021 em Atualidade, Concelho, Saúde Por barcelosnahorabarcelosnahora

A prevalência de perturbações emocionais e do comportamento na infância e adolescência
tem sido fortemente estudada e, embora os valores variem consideravelmente, estima-se que
10 a 20% das crianças tenham um ou mais problemas de saúde mental.

Segundo a Associação Americana de Psiquiatria da Infância e da Adolescência (AACAP) uma em
cada cinco crianças apresenta evidência de problemas mentais e esta proporção tende a
aumentar. De entre as crianças que apresentam perturbações psiquiátricas apenas 1/5 é que
recebe tratamento apropriado. As perturbações psiquiátricas da infância e da adolescência
trazem grandes encargos à sociedade, quer em termos humanos quer financeiros, e muitas
delas podem ser precursoras de perturbações na idade adulta.

A área da Psiquiatria da Infância e da Adolescência é uma especialidade médica que assegura a
prestação de cuidados e intervenções diferenciadas na área da saúde mental à população de
idade pediátrica (inferior a 18 anos). O seu campo de intervenção abrange um espectro
alargado de atividades que englobam:


• Ações de promoção e prevenção universal e seletiva, com o objetivo de reduzir fatores
de risco/ vulnerabilidade e aumentar fatores de proteção;


• Estratégias de prevenção e intervenção precoce, para casos com os primeiros sinais de
perturbação;


• Avaliação diagnóstica e tratamento, para aqueles que apresentam já uma perturbação
definida;


• Programas de cuidados continuados e reabilitação psicossocial, para situações com
sequelas em resultado de uma perturbação.


Assim, a atividade do Psiquiatra da Infância e Adolescência envolve a promoção da saúde
mental, a avaliação, diagnóstico e definição de estratégias terapêuticas para situações de
perturbação mental e também a intervenção preventiva em grupos de risco. No entanto este
trabalho, apenas desenvolve-se com a articulação de outras especialidades, como a Pediatria e
a Psicologia da Infância e da Adolescência.


Dada a grande diversidade dos quadros psicopatológicos encontrados na infância e
adolescência exige-nos, enquanto profissionais de saúde, a ter uma elevada diferenciação
permitindo o diagnóstico e a implementação de intervenções adequadas às várias etapas do
desenvolvimento, não só porque cada uma delas apresenta um grupo de patologias específicas
dessa faixa etária, mas também porque a expressão sintomática de uma determinada
patologia se pode manifestar de forma distinta ao longo do desenvolvimento.


No entanto a escassez dos psicólogos, nomeadamente nas consultas de crise/ emergência,
impede que em muitos casos se possa proceder à necessária intervenção psicoterapêutica, nas
diversas modalidades, levando a um excedente (por vezes desnecessário) recurso a
psicofármacos, cada vez mais elevado. Salientando-se que a intervenção psicofarmacológica
deve ser, sempre que possível evitada, e quando utilizada devemos enquadrada numa
resposta multidisciplinar e em casos em que os recursos psicoterapêuticos não conseguem
atuar por si só.


O diagnóstico de situações psicopatológicas e de risco e a implementação atempada de
estratégias preventivas e terapêuticas deve, pois transformar-se numa prioridade. Sendo cada
vez mais prioritário a Consulta de Emergência / Crise Psicológica na Infância e Adolescência
juntamente com a Consulta de Crise Psiquiátrica.

Mês de Março: o mês do pai. “A importância do pai no desenvolvimento dos filhos”

Março 13, 2021 em Atualidade, Concelho, Mundo, Opinião Por barcelosnahorabarcelosnahora

Sempre se ouviu falar da vinculação mãe-bebé, principalmente, nos primeiros tempos de vida da criança, como sendo um dos fatores mais importantes para o seu desenvolvimento saudável. A figura paternal é sempre vista como secundária e menos relevante no desenvolvimento das crianças. No entanto, o papel do pai é tão importante como o da mãe. Vou explicar o porquê.

A figura paterna continua a ser vista como uma figura de vinculação secundária, algo que é importante desmistificar.

A relação de vinculação é definida como um laço emocional forte que se estabelece por volta dos 7/8 meses de idade da criança e que permite criar uma relação privilegiada entre a criança e uma ou mais figuras estáveis na sua vida. Esta relação vai sendo construída ao longo do desenvolvimento da criança e, consequentemente, quando criadas num ambiente estável, sensível e responsivo, irá desenvolver uma vinculação segura.

Neste sentido, entende-se que as crianças ficam vinculadas tanto aos pais como às mães, desde que nascem.

O papel de Pai é distinto e complementar ao papel da mãe. Ambos contribuem para uma maior flexibilidade mental e adaptativa no desenvolvimento da criança. Por norma, as mães estão mais associadas à prestação de cuidados básicos e os pais a interações lúdicas, o que é uma mais valia para a criança, que acaba por ser estimulada de formas diferentes.

Contudo, ao longo do tempo tem-se observado cada vez mais à cessação desta distinção, devido às alterações sociais e da forma como os papeis parentais são representados e vividos atualmente. No entanto, apesar desta reestruturação do papel dos pais, hoje e sempre, a importância da figura paterna na vida de uma criança mantém-se. Neste sentido, o envolvimento do pai, a sua participação ativa e a afetividade na vida da criança, influenciam o desenvolvimento intelectual, emocional e social, promovendo a segurança, autoestima, resistência às frustrações e autonomia. Esta criança tornar-se-á assim um adulto resiliente, seguro, prudente e mais feliz.

Pelo que é importante ressaltar aqui que a presença do pai jamais poderá ser delegada ou compensada por bens materiais (brinquedos, roupas, viagens ou outros). Se por algum motivo o pai biológico não puder estar presente na vida da criança, é importante que outra figura masculina ocupe este lugar (avô, tio ou outro adulto).

MAIS TARDE, NA FASE DA ADOLESCÊNCIA, OS FILHOS VÊM A FIGURA PARENTAL COMO UM MODELO PARA SE IDENTIFICAR E, NO CASO DAS MENINAS, PARA SUA AUTOESTIMA E SEGURANÇA.

Algumas dicas para os pais:

– Desde o nascimento do bebé, seja proativo e partilhe os cuidados básicos com a mãe: dê banho, troque fraldas, coloque para dormir;

– Converse com os pediatras, professores e profissionais que acompanham o seu filho;

– Mantenha-se presente nas rotinas dos seus filhos;

– Proporcione momentos de aprendizagem e de estímulos de qualidade;

– Mantenha uma boa comunicação: partilhe os seus sentimentos, questione acerca das suas necessidades físicas, emocionais, escolares, entre outras.  

PARTE DE CADA UM DESCONSTRUIR A IDEIA ERRADA DE QUE APENAS A MÃE É IMPORTANTE PARA O DESENVOLVIMENTO DA CRIANÇA.

(* A redação do artigo de opinião é única e exclusivamente da responsabilidade do autor)

Foto: @jule_42|unsplash

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