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Chama-se Hugo Sousa, é barcelense, e é o primeiro português distinguido com Prémio de Diagnóstico Clínico em Virologia

Julho 6, 2017 em Atualidade, Concelho, Cultura, Educação, Entrevistas, Mundo Por barcelosnahorabarcelosnahora

Hugo Sousa, 35 anos, natural de Alvelos, receberá, entre 13 e 16 de setembro, em Itália, o Prémio de Diagnóstico Clínico em Virologia, “Abbott Diagnostic Award”, entregue no congresso anual da Sociedade Europeia de Virologia Clínica, tornando-se no primeiro português a receber tal distinção.

Com um percurso académico impressionante: Licenciatura em Microbiologia pela Escola Superior de Biotecnologia da Universidade Católica do Porto; Mestrado em Oncologia pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (Porto); Doutoramento em Ciências Biomédicas pelo mesmo Instituto; e Licenciatura com Mestrado Integrado em Medicina pela Faculdade de Medicina do Porto; este investigador barcelense exerce, atualmente, como Médico, Interno de Ano Comum, na Unidade Local de Saúde do Nordeste – Unidade Hospitalar de Mirandela e, ao mesmo tempo, é Técnico Superior de Saúde, no Serviço de Virologia, do Instituto Português de Oncologia (IPO) do Porto e Investigador, no Grupo de Oncologia Molecular e Patologia Viral CI-IPOP, igualmente, no IPO Porto.




Por entre tudo isto, e uma vida ocupadíssima, a nível profissional, académica e familiar, Hugo Sousa acedeu, gentilmente, a responder a algumas questões que o Barcelos na Hora lhe colocou.

Pode explicar-nos, sucintamente, em que pressupostos assentam a atribuição deste prémio?

HS – O prémio “Abbott Diagnostic Award” é atribuído, anualmente, pela Sociedade Europeia de Virologia Clinica (ESCV, European Society for Clinical Virology). É um prémio atribuído sob proposta da direção da sociedade para destacar o trabalho de um médico/doutorado na área do diagnóstico clínico em Virologia. O prémio é atribuído apenas por nomeação, não havendo candidaturas, e é entregue durante o congresso anual, que este ano vai ser realizado em Stresa (Itália) entre 13-16 de setembro.

Neste momento, o que está a sentir por saber que será o primeiro português a receber tão grande distinção?

HS – A área da Virologia tem sido um “patinho feio” em Portugal, com pouca gente a dedicar-se à investigação clinica ou fundamental, pelo que o reconhecimento dado com este prémio mostra que o esforço por dar passos, ainda que pequenos, neste campo é muito importante. Sinto-me lisonjeado, honrado, por receber este prémio. Era absolutamente inesperado, pois sendo por nomeação não há forma de saber que estamos nesse grupo de possíveis vencedores. Mais, com todo o histórico de prémios atribuídos anteriormente, a personalidade reconhecidas na Europa, e em todo o mundo, faz com que receber este prémio seja muito honroso. Sinto que, mesmo trabalhando com poucos recursos, ao longo de 15 anos em que tentei sempre fazer trabalhos na área da virologia, o esforço finamente recompensa. Tive excelentes orientadores e alunos brilhantes que me permitiram chegar até onde cheguei. Sabe bem ter, também, o reconhecimento de que se está a trabalhar bem e ficamos com mais forças para continuar a trabalhar nesta área.

Que conselhos, enquanto barcelense, pode deixar aos jovens de Barcelos no sentido de procurarem o melhor para o futuro deles, principalmente para aqueles que sonham em seguir uma carreira na investigação científica?

HS – Eu desde os meus 10 anos que sempre sonhei em ser “Médico, Investigador e a trabalhar em Virologia”, e de facto sou um sortudo porque sou hoje aquilo que sempre quis ser. O mais importante é saber ser perseverante. Lutar para se ser bom naquilo que se faz, fazê-lo com alegria e ter a confiança de que o caminho que escolhemos, seja mais ou menos longo, vá dar ao sítio certo. Hoje em dia é muito mais fácil, com todo o acesso à informação e com as viagens rápidas para muitos pontos da Europa, onde se pode ter acesso a experiências novas e a novos conhecimentos. Ter uma mente aberta, ser curioso, ser perseverante, ter confiança e, acima de tudo, trabalhar muito…O resto vem com o tempo, tal como aconteceu comigo.

Por fim, pode revelar-nos alguns dos seus planos para futuro, no âmbito da investigação?

HS – Neste momento, estou numa fase de pausa em alguns trabalhos na medida em que estou a realizar o Ano Comum do Internato Médico, em Mirandela, e conciliar os trabalhos de Investigação no IPO Porto é difícil, com tamanha distância. No entanto, há ainda muitas coisas que temos para ser divulgadas durante os próximos tempos. As minhas linhas de investigação, neste momento, centram-se em 3 áreas: 1) Vírus do Papiloma Humano e patologias associadas; 2) Vírus de Epstein-Barr e Carcinoma Gástrico; e 3) Infeção por Citomegalovirus em doentes transplantados.

O Barcelos na Hora agradece a Hugo Sousa pelo seu tempo, dando-lhe os parabéns por tamanha distinção e honra, desejando-lhe a continuação, e superação, do seu grande trabalho em prol da investigação e da ciência em Portugal.

Fotos: DR.

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