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João Lourenço

Município de Barcelos inaugura obra de arte no Museu de Olaria em homenagem à cerâmica e olaria

Setembro 16, 2020 em Atualidade, Concelho, Cultura, Mundo Por barcelosnahorabarcelosnahora

O Município de Barcelos inaugura hoje, dia 16 de setembro, pelas 18h30, no Museu da Olaria, a obra de arte “Batalha das Flores”, da artista Ana Almeida Pinto, no âmbito programa de Residências Artísticas do projeto “Amar o Minho”, uma iniciativa promovida pelo consórcio MINHO IN, constituído pelas Comunidades Intermunicipais do Alto Minho, Ave e Cávado, e que está a percorrer 24 municípios da região.



A obra, que ficará localizada em espaço público, nomeadamente no espaço exterior do Museu da Olaria, é o resultado da residência artística que Ana Almeida Pinto (na foto de destaque) realizou durante o início de setembro naquele museu e que colocou a escultora em contacto com artesãos locais, entre os quais, o oleiro João Lourenço. O artesanato é, assim, o ponto de partida desta criação artística, que parte da olaria, da cerâmica e das suas tecnologias, enquanto características identitárias do território.

Helena Mendes Pereira, diretora e curadora da zet gallery, galeria responsável pela curadoria do projeto das residências artísticas no Minho, adianta que a artista “é uma fazedora, uma artista completa, apaixonada por experimentar materiais e tecnologias. Sem complexos, desafiámo-la a interpretar a olaria e a fazer dela objeto novo. Instalou-se no Museu da Olaria, criou laços com artesãos locais e está a pensar o espaço público em Barcelos, num jogo de formas cheias e vazias, côncavas e convexas.”

Peças de olaria (Foto: DR)

As residências artísticas que, desde junho, estão a percorrer os municípios do Minho, abrangem diversas áreas disciplinares, desde a Dança à Música, passando pela Fotografia, Arte Pública, Artesanato e Literatura, numa perspetiva de homenagem artística aos elementos identitários de cada concelho e do Minho, em geral. Helena Mendes Pereira é a curadora responsável pelas áreas da arte em espaço público, artesanato e fotografia, cabendo a António Rafael, membro da banda Mão Morta, a curadoria dos projetos na área da música, dança e literatura.

Após a intervenção mural de Xana Abreu, em Vila Nova de Famalicão, da escadaria reabilitada artisticamente pela Mónica Mindelis, em Guimarães, da residência artística na área da fotografia de Rodrigo Amado, em Mondim de Basto, e da inovadora criação do artista espanhol Rafa López, em Melgaço, numa antena de telecomunicações de 20 metros da Altice, uma estreia a nível nacional, cabe agora a Ana Almeida Pinto deixar a sua marca num espaço público, em Barcelos.

Sobre os artistas selecionados para este projeto que pretende construir e semear arte nas diversas geografias do território minhoto, Helena Mendes Pereira sublinha “que há artistas, representados pela zet gallery e com participação em projetos do DSTGROUP, com os quais temos insistido em fazer caminho. É uma espécie de fé de que fazem parte do nosso clã, que interpretam as nossas ideias”, adiantando ainda que “o critério que pautou as nossas escolhas no Programa de Residências Artísticas do AMAR O MINHO foi deixar no território marcas dos nossos, marcas nossas”.

Peças em preparação (Foto: DR)

Recorde-se que o projeto de residência artísticas é uma iniciativa de promoção da cultura, dos artistas e do turismo sob a marca “AMAR O MINHO, com o apoio do Norte 2020 e dos FEEI, que cria a maior rede de residências artísticas nos 24 municípios representados pelas três CIM da região, numa estratégia concertada que se destina a reforçar a identidade cultural do Minho e, desta forma a dinamizar o território do ponto de vista artístico e turístico.

Fotos: DR.

O arquétipo da corrupção

Setembro 3, 2017 em Atualidade, Concelho, Mundo, Opinião, Política Por barcelosnahorabarcelosnahora

Raquel dos Santos Fernandes

Um país inundado em petróleo e diamantes, onde as rendas na capital podem rondar os 11.000€/mês e onde o governo gasta, em média, 45.000.000€/ano em carros de luxo. Um país de grandes e pomposos investimentos hospitalares, no qual 50% da população não tem acesso a cuidados de saúde básicos. Um número desmedido de aldeias sem escolas, sem água potável… Um país rico o suficiente para, durante anos, atufar Luanda de edifícios analógicos à figura do poder político que a ela se impõe. O país onde uma em cada seis crianças morre antes de completar 5 anos. O maior cemitério infantil do mundo!



Às contas da jovem República de Angola somam-se agora 3 Presidentes e uma Guerra Civil que se arrastou durante 27 anos, protagonizada pelo MPLA e pelo UNITA, que se haviam erguido a partir do objetivo comum de acabar com a ocupação militar portuguesa. Se, até 1991, a Guerra Civil angolana serviu de campo de batalha aos principais intervenientes da Guerra Fria, nos anos que se seguiram pouco se poderá acrescentar àquilo que Angola viveu se não uma luta pelo poder. Pelo poder político, pelo poder militar e pelo poder económico. O MPLA tornou-se no único beneficiário da autoridade definida ainda durante o conflito armado e essa confusão entre partido e Estado ainda persiste. Num país onde quem controla o aparelho do Estado controla as eleições e perante uma oposição pouco eficiente do ponto de vista organizacional, que ainda não é capaz de apagar o sentimento de inimizade criado no passado, outro desfecho que não o de 23 de agosto sempre foi tido como improvável.

José Eduardo dos Santos presidiu a República Angolana durante 38 anos. Deixa agora a presidência mas mantém-se à frente do MPLA, o que lhe permite controlar a estrutura política do país, ao mesmo tempo que mantém todos os privilégios presidenciais. Deixa uma pequena elite governativa que enriqueceu às costas da corrupção e uma governação recheada de nepotismo e clientelismo, que impossibilitou os angolanos comuns de beneficiar da riqueza dos recursos naturais do país. Agora, que o Império comercial imergiu na maior crise económica desde os tempos da Guerra Civil, deixa na memória os sucessivos cortes que visaram os serviços públicos e a certeza que, 38 anos depois, as oportunidades e o início de uma nova vida ainda não chegaram.

Estaríamos a entrar por caminhos muito vagos, perigosos até, se afirmássemos que a Angola de João Lourenço será diferente da de José Eduardo dos Santos, pois desconhecemos uma Angola que não aquela onde o sucesso dos negócios depende das relações entre as empresas e o governo e onde existe um claro favorecimento na distribuição de subsídios e incentivos fiscais. Desconhecemos uma Angola onde os meios de comunicação não são controlados pelo MPLA e onde as manifestações não são usadas para calar os críticos do governo. Se João Lourenço prometeu uma maior transparência e a redução do controlo do Estado sobre a economia do país, a redução da pobreza e da taxa de mortalidade infantil, o que podemos afirmar é que aqui estamos, à espera que as palavras passem a ações e que o novo Presidente seja corajoso o suficiente para romper com este arquétipo da corrupção.

Por: Raquel dos Santos Fernandes*.

(* A redação do artigo de opinião é única e exclusivamente da responsabilidade do/a autor/a)

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