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Marisa Marques

Ansiedade, as crianças e a escola …

Maio 4, 2022 em Atualidade, Concelho, Opinião Por barcelosnahorabarcelosnahora

Ansiedade, as crianças e a escola …

Alguma ansiedade é normal, mas esta não perturba o funcionamento das crianças. Saiba ajudar e também quando deve procurar ajuda.

A ansiedade é uma emoção e um mecanismo de defesa que acontece por antecipação de estímulos ou situações desagradáveis ou de perigo. Quando a ansiedade é dirigida a um estímulo específico é referida como receio ou medo. A emoção protege-nos e é normal, quando está enquadrada no contexto correto. Por exemplo, olhamos para os lados antes de atravessar numa passadeira, por receio de sermos atropelados.

A ansiedade passa a ser um problema e, portanto, uma perturbação de ansiedade, quando um estímulo neutro ou inofensivo é entendido como potencialmente perigoso e as reações que provoca interferem com o dia-a-dia. A ansiedade normativa, ou seja, aquela que não afeta o funcionamento e é de curta duração, pode ocorrer em contexto de avaliações ou mudanças na nossa vida.

Embora uma maior ansiedade seja normal em momentos de avaliação, mudança de escola ou de turma, entre outras situações relacionadas com o contexto escolar, cerca de 5% das crianças têm perturbações de ansiedade que devem ser avaliadas e acompanhadas.

A perturbação de ansiedade social é um dos subtipos das perturbações da ansiedade. Caracteriza-se por uma ansiedade ou receio marcados em situações em que alguém é exposto ao possível escrutínio por parte de terceiros. É esta a perturbação de ansiedade que muitas vezes está subjacente ao stress no momento das avaliações escolares.

Neste caso, as crianças têm medo e evitam interações que avaliem o seu desempenho, porque acreditam que os outros as vão avaliar negativamente. As mudanças de escola ou de turma também podem provocar sintomatologia ansiosa.

Neste caso são sobretudo quadros de ansiedade generalizada, que se manifestam em crianças que têm tendência para preocupação, com uma ampla variedade de possibilidades negativas, de que algo de mau vai acontecer.

Além de evitarem os testes ou até de se recusarem em frequentar a escola, as crianças com perturbações da ansiedade manifestam muitas vezes sinais físicos, por exemplo:

  • Dor de cabeça;
  • Dor de barriga;
  • Perda de apetite;
  • Dificuldade em engolir;
  • Dificuldade em respirar;
  • Insónia.

Como devem os pais ajudar?

As perturbações de ansiedade podem ser hereditárias. Costuma até dizer-se que, quer através dos genes quer do comportamento, a ansiedade circula nas famílias.

A atitude dos pais e o que transmitem às crianças é muito importante:

  • Salientem que o seu amor por elas não depende dos seus resultados escolares;
  • Evitem comparar resultados escolares com o de irmãos/colegas;
  • Salientem que valor das crianças como pessoas não depende dos seus resultados escolares;
  • Evitem expressões como “assim nunca vais chegar a lado nenhum”;
  • Refiram que os testes e outras avaliações são a forma de se perceber se estão a reter a informação transmitida na escola, que é importante para crescerem saudáveis e equilibrados;
  • Salientem que o erro permite a evolução, referindo, por exemplo “hoje correu mal, não faz mal… faz parte do processo, aprendemos e amanhã correrá melhor”;
  • Elogiem o processo, e não apenas o resultado final;
  • Ensinem que a mudança faz parte da vida (as estações do ano mudam, os dias da semana mudam, o dia e a noite, o ser humano evolui desde bebé até velho), as mudanças são naturais e acarretam aspetos positivos e negativos aos quais todos temos de nos adaptar;
  • Salientem que a mudança pode trazer novas pessoas, novos contextos, novas possibilidades de crescimento.
  • Refiram que não temos de gostar de toda a gente, nem toda a gente tem de gostar de nós.

Quando é necessário procurar ajuda profissional?

Contudo por vezes a ajuda dos pais não é o suficiente, sendo necessário ajuda diferenciada.

Quando os sintomas de ansiedade alteram o funcionamento da criança, por exemplo com recusa em ir à escola, sintomas exagerados para a situação, sofrimento emocional e/ou físico, deve ser procurada ajuda profissional.

A psicoterapia constitui o tratamento de primeira linha nestas situações, podendo ser necessária a associação com psicofarmacologia.

O limbo entre a vida que conhecíamos e algo que não sabemos o que será.

Março 16, 2022 em Atualidade, Opinião, Saúde Por barcelosnahorabarcelosnahora

A saúde mental da nossa população está a piorar: as consultas aumentam em alguns hospitais, noutros a gravidade dos casos acentua-se. As crises de ansiedade, cansaço psicológico, isolamento, depressão, anorexia, entre outros, são definitivamente um grande motivo de preocupação entre os especialistas de saúde mental (psicólogos, psiquiatras e pedopsiquiatras). As tentativas de suicídio e de perturbações de comportamento alimentar que chegaram à urgência, durante a pandemia, foram “mais graves” e o impacto psicológico dos portugueses é agora a ponta do iceberg, pois temos cada vez mais certezas de que a pandemia e o confinamento tiveram um impacto negativo na saúde mental da sociedade, mas o pior ainda poderá estar para vir.

Ainda não chegamos ao fim de uma pandemia e passamos novamente a viver sob uma nova imprevisibilidade e insegurança pondo à prova a nossa capacidade de resiliência – A GUERRA.

A guerra por si só é uma experiência potencialmente traumática. Embora não façamos diretamente parte desta guerra, não deixamos de estar envolvidos e de sofrer as consequências, porque este não é um problema somente da Ucrânia e da Rússia, mas sim uma situação que provoca incerteza e que exigirá o envolvimento mundial, dada a crise económica e social que se irá, dentro de pouco, instalar-se mundialmente.

Viver em tempo de guerra não representa apenas a destruição das infraestruturas, perda de vidas e ferimentos. Tem um impacto traumático e de revolta que gera um sentimento de desmoralização e desânimo, obviamente sobretudo nas vítimas diretas, mas a verdade é que nós, as vítimas secundárias, não sairemos ilesas. 

Hoje vivemos sob tensão vemos pessoas a precisarem de ajuda e os meios de comunicação estão sempre a mostrar imagens de devastação. Provocando em nós uma exposição contínua à incerteza e a uma extrema ausência de controlo face à situação, provocando-nos sentimentos de desespero, inutilidade, incapacidade e, consequentemente, um maior stress e ansiedade.

Contudo sentir-se ansioso não fará de nós mais fracos. No entanto, é extremamente importante tentar controlar a ansiedade, procurar formas de ajudar-nos, moderar a nossa exposição ao que ouvimos e vemos nos meios de comunicação e principalmente procurar ajuda quando acharmos que não conseguimos mais controlar sozinhos.

Desta forma alerto, nomeadamente aos adultos e pais que “protejam” as nossas crianças, pois não se encontram com maturidade emocional suficiente para lidar com tanta insegurança e medo. É importante que estejam atentos ao impacto emocional que esta situação possa causar nos seus filhos, mostrando-se tranquilos e ajudando a criança a perceber o que se passa e, ao mesmo tempo, a manter o seu sentido de segurança.

Caso considere que a situação está intensificada e não tem controlo, procure ajuda especializada (Psicologia, Psiquiatria, Pedopsiquiatria) de forma a diminuir o impacto traumático desta situação avassaladora que estamos a viver.

A família e o desenvolvimento Psicológico

Dezembro 18, 2021 em Atualidade, Concelho, Mundo, Saúde Por barcelosnahorabarcelosnahora

Não obstante à emergência de saúde pública sentida, e todos os riscos inerentes ao COVID-19, é importante relembrar que, por norma, é na quadra Natalícia que existe em família uma maior intimidade, interação, partilha de experiências e emoções.  Sendo de salientar que é importante frisar que estar em família é englobar todos os momentos do ano, apesar de o impacto nefasto que o COVID-19 tem exercido no seio familiar pode ser o “comprimido” acarretou bastantes problemas na saúde mental na família, bem como diversos desequilíbrios.

Atualmente é complexo atribuir uma definição de família. Mas independentemente da composição, sabe-se que a família é um lugar exclusivo, que representa a intimidade, um lugar repleto de felicidade e amor. A família é mesmo isso: é a nossa fonte de abrigo, é saber que está sempre alguém à nossa espera em casa, com quem se possa partilhar as experiências e vivências do dia-a-dia. Pesa embora, que por vezes estas relações sofrem alguma agitação e confusão. Pelo que nem sempre é possível encontrar esse lugar seguro quando se fala de famílias pautadas pelo desequilíbrio e tensão

Toda relação humana é complexa. Mas mesmo sendo complexa a interação familiar, é de salientar que a importância da família na sociedade é expressiva, principalmente na infância, onde a família é a base de tudo. Boas experiências afetivas na infância têm influência positiva no desenvolvimento que se reflete na fase adulta.

Os primeiros anos de vida são importantes porque o que ocorre na primeira infância faz diferença por toda a vida.

A família é vista como o primeiro espaço psicossocial, modelo das relações a serem estabelecidas com o mundo que permite o desenvolvimento da personalidade de cada ser humano. É através das primeiras experiências sociais e de construção de vínculos que a criança desenvolve os seus valores e personalidade, além de serem a base do seu desenvolvimento psicológico e emocional.

São inúmeros os estudos que têm mostrado que investimentos na primeira infância têm retorno bastante positivo para as crianças e para a sociedade como um todo (Jack P. Shonkoff e Julius B. Richmond, 2009; Britto, Yoshikawa and Boller 2011; Center on the Developing Child, Harvard University 2013; OMS e UNICEF, 2018). Em que crianças que não experienciaram exemplos positivos e valores, como por exemplo suporte, carinho, dedicação, esforço e disciplina, podem desenvolver traumas que, se não tratados, têm grandes probabilidades de evoluírem para perturbações psicológicas mais preocupantes, como depressão, ansiedade, ataques de pânico ou outros perturbações graves

Desde a gravidez e ao longo da primeira infância, todos os ambientes em que a criança vive e se desenvolve, assim como a qualidade dos seus relacionamentos com adultos e cuidadores, têm impacto significativo no seu desenvolvimento físico e cognitivo.

Neste sentido, a família, se for “saudável”, constitui numa fonte de ajuda ativa. Um grupo familiar bem organizado e estável, em que se verifique um sistema de autoridade claro e aceitável, uma comunicação aberta baseada em controlo e apoio, torna-se fundamental no bom desenvolvimento de crianças mentalmente saudáveis, assertivas, autónomas e seguras de si.

Quando a família não é “saudável”, os padrões de autoridade modificam-se, sendo a comunicação e a distribuição de papéis funcionais deteriorados, o que dificulta o controlo dos sentimentos negativos, levando ao aumento da angústia, hostilidade e violência. Por vezes, a falta de respeito dos diversos elementos da família, como a intolerância, a agressividade, o desinteresse ou a superproteção, marcam a personalidade do indivíduo.

Porém, além da angústia provocada pela doença misteriosa e devastadora – Covid-19, as medidas de distanciamento social adotadas para diminuir o número de mortes, trouxeram uma série de desafios para as famílias e primeira infância: criação de laços familiares tóxicos, dependência e proteção excessiva, tornando os ambientes familiares pautados pela ansiedade e instabilidade.  Pelo que, nos dias de hoje, mais que nunca, torna-se imprescindível ter em atenção que as famílias e as crianças submetidas a fatores de stress tóxico ou relações familiares tóxicas, necessitam de intervenções especializadas, o mais cedo possível, para romper com a causa do stress e protegê-las das consequências.

O valor de uma família saudável é imensurável, pois é a base para que o indivíduo construa a sua inteligência emocional, valores, atitudes e bons exemplos.

Se a sua família, as suas crianças e/ou você sentem-se afetados pelo impacto do covid, se sentem que a sua família está instável e/ou desajustada, procure ajuda. A Psicologia trabalha a família focando-se nas emoções, pensamentos e comportamentos do contexto familiar. Assim a Terapia Familiar é importante em casos de conflitos, traumas ou mesmo a necessidade e interesse de se aproximar, reaproximar e conviver bem com os membros desse grupo social.    

Foto: pexels

Ansiedade ou depressão: como reconhecer cada uma

Novembro 16, 2021 em Atualidade, Concelho, Saúde Por barcelosnahorabarcelosnahora

Têm alguns aspetos em comum e podem até ocorrer em simultâneo. Mas, para tratá-las da melhor forma, é importante aprender a distinguir: ansiedade ou depressão.

É fácil confundir ansiedade com depressão. Existem situações, no âmbito das perturbações mentais, em que ambas se parecem sobrepor ou até mesmo coexistir. Noutros casos, uma pode ser produto de outra – muitas vezes a depressão surge de casos graves de ansiedade crónica. Ainda assim, são problemas de saúde mental diferentes. O diagnóstico correto é essencial de forma a poder proceder-se ao tratamento e à recuperação adequada.

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O que é a ansiedade?

A ansiedade pode manifestar-se através de sintomas físicos e psicológicos. É normalmente caracterizada por uma preocupação excessiva face a uma situação futura. Não se vive bem o presente, sempre com inquietação pelo futuro. Quando controlada, é uma reação natural do organismo a possíveis ameaças, que permite que nos mantenhamos alerta para qualquer perigo que possa surgir.

No entanto, por vezes a ansiedade apresenta-se de forma intensa, prolongada e sem causa aparente. Nestes casos, as pessoas tendem a isolar-se e a evitar quaisquer situações que considerem perigosas, mesmo quando não o são.

A ansiedade pode ser generalizada ou manifestar-se em situações específicas, como:

  • Ataques de pânico
  • Perturbações obsessivo-compulsivas
  • Agorafobia
  • Ansiedade social
  • Stress pós-traumático

E o que é a depressão?

A tristeza, tal como a ansiedade, é uma reação natural a certas experiências, tendendo a ser ultrapassada após um determinado período de tempo. O sentimento de tristeza pode, contudo, prolongar-se mais tempo do que o habitual, tornando-se um problema crónico e incapacitante que afeta as várias esferas da vida da pessoa que dela sofre.

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Diferente de preocupação ou receio de situações futuras, a depressão é caracterizada por este sentimento de tristeza crónica. Existem vários fatores que podem contribuir para o seu desenvolvimento:

  • Predisposição familiar
  • Acontecimentos desagradáveis ou traumáticos (situações de perda, separação, luto ou tragédia)
  • Personalidades mais introvertidas

As mulheres, assim como os indivíduos com excesso de peso, baixa autoestima, vítimas de violência ou de outros acontecimentos perturbadores, têm também uma maior predisposição para desenvolver depressão. No entanto, esta também pode surgir sem motivo aparente ou no decorrer de um problema prévio de ansiedade.

Sinais de alarme

Tanto a ansiedade como a depressão apresentam vários sintomas a nível físico e psicológico. No entanto, por serem doenças do foro psiquiátrico e se desenvolverem de uma forma gradual, podem ser de difícil diagnóstico.

Algumas manifestações possíveis de ansiedade:

  • Sensação injustificada de medo ou pânico
  • Problemas de concentração
  • Irritabilidade
  • Insónias
  • Dificuldade em respirar
  • Palpitações
  • Boca seca
  • Náuseas
  • Tensão muscular
  • Tonturas

 A depressão, por sua vez, tende a provocar menos sintomas físicos. Eis alguns dos clássicos sinais de depressão:

  • Sensação persistente de tristeza
  • Menor interesse por atividades do quotidiano, mesmo que antes fossem prazerosas
  • Sensação de culpa ou falta de esperança para o futuro
  • Fadiga crónica
  • Insónias ou hipersónia (dormir em demasia)
  • Variações abruptas de peso
  • Alterações ao nível da cognição (memória, concentração e raciocínio)
  • Diminuição da autoestima e da autoconfiança

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Atenção! Tanto a ansiedade como a depressão podem fragilizar e afetar severamente a qualidade de vida. Caso reconheça em si ou em alguém que lhe seja próximo alguns dos sintomas mencionados, procure ajuda.

Por: Drª Marisa Marques

Como lidar com o novo confinamento

Janeiro 25, 2021 em Atualidade, Concelho, Mundo, Opinião, Saúde Por barcelosnahorabarcelosnahora

A pandemia do coronavírus está a deixar a nossa população em alerta e a gerar o pânico, afetando, nomeadamente, saúde mental de todos. Com o crescente aumento de casos que se tem verificado nos últimos tempos, os sinais de rutura que o Sistema Nacional de Saúde levou a que Portugal voltasse a confinar novamente. Assim, voltamos a vivenciar o regresso às nossas casas, ao encerramento de vários estabelecimentos, quer comerciais, quer culturais e por último, ao fecho de todos os estabelecimentos de ensino.

Este novo confinamento será próximo ao que vivemos em março e abril de 2020, mas também muito diferente. Desta vez, o risco de sermos ou estarmos infetados é maior, por ser também maior o risco de familiares ou amigos serem/estarem infetados. Desta vez, conhecemos mais pessoas infetadas (ou que já tiveram infetadas), algumas das quais sofreram ou vivenciam processos de luto por quem morreu devido à doença. A ansiedade e o stress provocados pela pandemia e pelo confinamento também serão diferentes. Para muitas famílias vão aumentar o número de fatores de stress, sobretudo para aquelas que experienciarem a doença e grandes alterações da sua rotina diária, que sejam confrontadas com situações de desemprego, que vivam com dificuldades financeiras ou que tenham de conciliar o teletrabalho com o cuidado de filhos menores ou outros familiares.

A fadiga da pandemia atinge uma parte muito significativa dos portugueses, assim como os impactos psicológicos do primeiro confinamento e da situação de crise (pandémica e socioeconómica) que enfrentamos. Estudos indicam que cerca de metade dos portugueses terá sofrido impactos psicológicos moderados ou severos e, de acordo com o Instituto Nacional Ricardo Jorge, sete em cada dez portugueses que estiveram em quarentena acusaram sofrimento psicológico. Pelo que vemos a nossa saúde mental a ser novamente colocada à prova, levando a um aumento significativo de aparecimento e agravamento das perturbações mentais, nomeadamente, ansiedade, depressão e em casos mais graves assistimos ao desenvolvimento de Perturbações Pós-traumáticas, bem como casos de suicídio (que aumentaram drasticamente desde o início de 2020).

Como a pandemia tem funcionado como um desencadeador de problemas de saúde mental, quer pelo isolamento social, quer pela dificuldade em gerir as emoções, quer pela desregulação das rotinas e pela interrupção da normalidade da vida humana, apresento 12 ferramentas que o ajuda com a sua saúde mental, ajudando-o a ultrapassar este novo confinamento geral.

1.Estar atento às suas emoções, sentimentos e pensamentos. Lembre-se que é natural que o seu humor e a sua motivação possam ir alterando-se de dia para dia ou mesmo ao longo do dia. Pelo que poderá realizar uma Checklist de Como me Sinto?

2.Aceitar as emoções e sentimentos, bem como a incerteza e a imprevisibilidade da situação. Não sabemos quando é que isto vai acabar e a perspetiva de mais umas semanas neste registo é dura. E sim, precisaremos de esperar para ver os resultados positivos do nosso esforço de permanecer em confinamento.

3.Acreditar na sua capacidade para lidar com a situação. Não é a primeira vez que passamos por um confinamento e, certamente, que não é a primeira vez que passamos por uma situação difícil na nossa vida. Portanto recorde-se das estratégias que o ajudaram a ultrapassar as situações difíceis anteriormente vividas? Depois de as recordar use-as e/ou adapte-as para enfrentar esta situação.

4.Viva um dia de cada vez. Concentre-se no aqui e agora, por exemplo, as atividades que está e pode fazer: preparar uma refeição, fazer exercício, jogar um jogo, ler um livro, ver um filme.

5.Aprenda estratégias de gestão da ansiedade e do stress. A sensação de “já não aguentarmos mais” é um “estado da nossa mente”. Podemos usar a ansiedade e nosso favor e combater os sentimentos negativos e desagradáveis que ela nos traz.

6.Reforçar as suas relações. O confinamento significa apenas isolamento físico, não significa isolamento ou distanciamento emocional. As relações com os outros são o que faz a nossa vida valer a pena, e essa realidade não se alterou. Por isso, é tempo de reduzir a proximidade física, mas aumentar a nossa conexão social e relacional. E também ajuda a combater o impacto do confinamento na Saúde Física e Psicológica.

7.Expressar os afetos. Mesmo à distância é possível expressar os nossos afetos e dizer aos outros que os amamos, nos preocupamos com eles e lhes estamos gratos. Bem como, partilhar o que sente. Falar sobre como nos sentimos e como estamos a experienciar a situação, com familiares ou amigos, pode ajudar-nos a perceber que não estamos sozinhos, que os outros nos compreendem e a sentirmo-nos melhor.

8.Reduzir conflitos. É natural que esta situação difícil possa provocar irritabilidade e aumentar a probabilidade de ocorrerem discussões. Identifique um “espaço pessoal” para onde possa refugiar quando se sente frustrado ou irritado. No caso de estar numa relação conjugal, procure comunicar e comportar-se de forma a desculpar comentários críticos ocasionais, perdoar comportamentos que o magoaram, compreender a perspetiva do outro e evitar culpabilizações, hostilidade e desprezo. Também é importante partilhar responsabilidades, dedicar tempo um ao outro, criar espaço para expressar sentimentos e envolverem-se em atividades positivas que aumentem a intimidade, nomeadamente momentos de relaxamento e diversão.

9.Procurar manter uma rotina e diversificar as atividades. Fazer as refeições a horas e atribuir diferentes períodos do dia a diferentes tarefas é organizador e pode ajudá-lo a enfrentar o dia com maior tranquilidade. Mesmo que, sobretudo se tiver crianças/ adolescentes consigo, essa rotina tem de ser flexível e adaptável ao dia-a-dia nesta situação (que, uns dias correrá melhor e noutros, menos bem). Se estiver em teletrabalho, é ainda mais fundamental fazer pausas e continuar a dedicar momentos à realização de atividades de lazer, assim como ajustar expectativas relativamente à sua produtividade.

10.Fazer exercício físico. A atividade física melhora o nosso humor e a nossa saúde. Encontre exercícios que possa fazer facilmente – subir umas escadas ou uma aula de ginástica online. Se possível, e respeitando as recomendações de proteção, faça uma caminhada ao ar livre.

11.Manter os hábitos de sono. O sono é uma grande influência no nosso equilíbrio emocional. Se puder, durma mais um pouco: quando passamos por situações exigentes, como esta, uns minutos extra de sono podem ajudar a reduzir a ansiedade. Crie e cumpra o hábito de se deitar e levantar à mesma hora; reduza o consumo de estimulantes à noite, como café ou outras bebidas com cafeína; evite usar o computador, telemóvel e televisão no quarto e antes de dormir – crie um ambiente calmo, sem estímulos e fontes de informação.

12.Dosear informação retida sobre a pandemia. Demasiada informação não é sinónimo de informação útil. Consulte apenas fontes de informação credíveis e atualizadas, apenas uma a duas vezes por dia. Pesquisar sistematicamente sobre este tema, pode aumentar a ansiedade e o medo. Pondere a possibilidade de desligar as notificações e as redes sociais em determinados momentos do seu dia. Descarte e ajude outros a descartar notícias falsas e boatos que podem alimentar o medo exagerado e promover comportamentos de risco.

Relembro que não podemos esquecer que estamos todos cansados e desgastados perante esta realidade em que vivemos e que, por isso, devemos estar ainda mais atentos às nossas emoções, sentimentos e comportamentos. Ao cuidarmos de nós estaremos mais capazes de cuidar também dos que estão ao nosso lado.

Se os seus sentimentos de ansiedade e inquietação forem excessivos e persistentes, se já não consegue ter prazer em atividades de lazer, se está profundamente triste, se tem vontade de consumir álcool em excesso, se está extremamente irritado ou agressivo, se se sentir completamente sobrecarregado ou incapaz de funcionar e fazer a sua rotina diária, se sentir que está a ficar sem controlo PEÇA AJUDA. Se sente mais dificuldade do que é habitual em lidar com a situação ou com a sua Ansiedade, Depressão ou outros sintomas, contacte os profissionais de Saúde, como os Psicólogos.


CUIDE DE SI!

Artigo da responsabilidade da Dra. Marisa Marques, Psicóloga Clínica e Psicóloga da Infância e Juventude no Trofa Saúde Hospital de Barcelos e Braga Norte, e no seu Gabinete Particular. Mestre em Psicologia desde 2015 e Pós-graduada em Psicologia Clínica e da Saúde

Imagem: DR

Dia Mundial da Saúde Mental

Outubro 10, 2020 em Atualidade, Concelho, Mundo, Opinião, Saúde Por barcelosnahorabarcelosnahora
Marisa Marques

10 de outubro, celebra-se o Dia Mundial da Saúde Mental, sendo este um importante momento de reflexão e de análise no que às questões na saúde mental em Portugal dizem respeito

Dia Mundial da Saúde Mental (Imagem: WFMH)

Nunca se falou tanto em saúde mental como nos dias de hoje, mas estamos perto de acabar com um estigma que está já enraizado na sociedade? Ainda não. Mas a complexidade do nosso cérebro merece bem mais atenção do que aquela que lhe damos. Temos de cuidar daquela que é a base da saúde.



“Uma constipação é uma coisa que todos podemos ter, não há estigma algum em ter uma constipação, todos os anos temos problemas de constipações, mas, agora, a depressão, por exemplo, que é considerada a constipação da saúde mental, que é também uma coisa comum e que todas as pessoas podem ter, está associada um estigma e, na verdade, as pessoas não vão procurar tratamentos para essa constipação da saúde mental”. Apesar de nos dias de hoje falar-se cada vez mais abertamente de depressão e ansiedade, é um facto de que ainda há um estigma associado a estes estados mentais, sendo vistos como sinal de fraqueza.

O estigma na Saúde Mental (Imagem: OPP)

A Organização Mundial da Saúde (OMS) revelou que existem 300 milhões de pessoas com depressão em todo o mundo, sendo esta doença mental a primeira causa de doenças e deficiências. O tema é sério e grave o suficiente, mas continua envolto uma nuvem que dificulta a procura de ajuda, o diagnóstico e o tratamento.

Atualmente, Portugal é o quinto país da OCDE que mais consome ansiolíticos e antidepressivos, atingindo já uma taxa que duplica a de países como Holanda, Itália e Eslováquia. Não se sabe se a pandemia veio agravar esta situação, mas nos primeiros três meses do ano foram vendidas mais 400 mil embalagens do que no mesmo período em 2019.

Entre março e junho de 2020 foram vendidas mais de 5 milhões de embalagens de ansiolíticos e antidepressivos do que em 2019, pelo que atualmente, este valor já foi duplicado e a saúde mental dos Portugueses está deteriorada e “abandonada”.

No entanto, sabemos que no que diz respeito ao tratamento, sabe-se que os antidepressivos são vistos como o “elixir” contra a depressão. Anualmente, em Portugal, o consumo deste tipo de fármaco duplica, triplica e a tendência é de aumentar cada vez mais, segundo dados recentes do Infarmed. Isto mostra-nos que andamos a “adormecer” ou “esconder” uma doença que, por si só, nos mata lentamente, adormecendo à boleia dos seus sintomas muitas vezes mascarados e camuflados.

Mesmo que os portugueses estejam cada vez mais informados sobre os problemas psicológicos e as suas consequências, pouco se fala e não há muita divulgação acerca dos tratamentos. Por exemplo, quando falamos em depressão, associamos automaticamente à intervenção medicamentosa. Mas apesar de os medicamentos melhorarem [a qualidade de vida do paciente], mas não resolvem o problema, apenas o “adormecem”, aumenta o risco de o problema psicológico se tornar crónico e recorrente, dado que, apesar de o paciente se sentir melhor, será sempre doente, porque a causa da patologia não foi tratada. Sendo que além da medicação é importante e imprescindível o Acompanhamento Psicológico de forma a tratar a real causa da patologia de foro psicológico e não só os sintomas que a patologia provoca.

O que podem os portugueses esperar do apoio psicológico? (Imagem: DR)

Caso não exista uma intervenção psicológica atempada e contínua “as consequências ao nível da saúde física e mental são graves, podendo haver o desenvolvimento de uma psicose ou outras perturbações mais graves e irreversíveis. É necessário ter em conta que na maioria dos casos, os problemas psicológicos manifestam-se de forma gradual e silenciosa, ao ponto de a pessoa não assumir que tem um problema para resolver, sendo, muitas vezes, os familiares, companheiro/a ou amigos a darem o primeiro sinal de alerta ao paciente, muitas das vezes, encontrando-se este já afastado das suas responsabilidades familiares, laborais e no meio social por incapacidade em gerir as emoções e a vida em geral.

O que andam a sentir os portugueses? (Imagem: DR)

A realidade que vivemos hoje leva-nos a tomar cuidados, medidas reforçadas de cuidados médicos, no entanto, não podemos descurar dos cuidados de saúde mental. Não se esqueça de que é essencial que Não se descuide da sua Saúde! Neste sentido, deixo-lhe “3 regras de sobrevivência”:

  1. Peça ajuda, nomeadamente, psicológica. Lembre-se que o primeiro passo para que possa melhorar a sua condição, é aceitá-la, olhá-la de frente e erguer-se perante ela.
  2. Procurar manter sempre a calma e, por muito difícil que seja, substituir os seus pensamentos negativos por pensamentos positivos.
  3. Não se isole!

Estamos aqui para ajudar, marque a sua consulta!

Imagem: DR

Por: Marisa Marques* (OPP. 21210) – Psicóloga Clínica e da Saúde

(Consultório Privado Arcozelo-Barcelos, Hospital Trofa Barcelos, Hospital Trofa Braga Norte)

Imagens: DR.

(* A redação do artigo de opinião é única e exclusivamente da responsabilidade da autora)

Aleitamento materno e saúde mental

Agosto 6, 2020 em Atualidade, Concelho, Mundo, Opinião, Saúde Por barcelosnahorabarcelosnahora
Marisa Marques

Atualmente, sabemos que gravidez constitui um período que é geralmente vivido com grande emoção, contudo, os sentimentos podem tornar-se ambivalentes e contraditórios: por um lado, o encantamento e as expectativas positivas, e, por outro lado, a insegurança e o medo. Desta forma, a gravidez constitui, muitas vezes, uma fase crítica e vulnerável para a saúde psicológica da grávida, do bebé e do casal parental.



De acordo com o Congresso Americano de Obstetras e Ginecologistas (ACOG), entre 14 a 23% das mulheres demonstram sintomas de depressão durante a gravidez, e esta perturbação tem uma elevada probabilidade de persistir após o parto, caso não seja prontamente diagnosticada e tratada. A Depressão na gravidez e/ou no pós-parto é uma doença que pode e deve ser tratada. A procura de ajuda e apoio constitui o primeiro passo para que a depressão seja tratada eficazmente.

Agosto é o Mês Nacional de Amamentação. Este mês também inclui a Semana Mundial da Amamentação, de 1 a 7 de agosto. Os especialistas compartilham informações sobre aleitamento materno e saúde mental.

Com o parto e o nascimento do bebé surge um conjunto de novas transformações e mudanças físicas, psicológicas e sociais na mãe e no bebé. Todas estas novas transformações podem interferir com o bem-estar emocional da mãe, influenciando a sua relação com o bebé.

Por sua vez, a necessidade de adaptação aos ritmos do bebé, como por exemplo a AMAMENTAÇÃO, pode conduzir ao aumento dos níveis de fadiga e de desgaste emocional em ambos os pais, exigindo ao casal parental constantes reorganizações e adaptações, assim como uma preparação psicológica para as novas experiências que surgem agora.

Pelo que para as recém-mamãs, uma decisão importante é a de amamentar ou não. O que muitas mães não sabem é o impacto que a amamentação pode ter na saúde mental, bem como na saúde física da mãe e do bebê.

Em que uma mãe cansada (e talvez propensa a depressão pós-parto) não precisa de pressão extra. Para algumas mulheres, a amamentação é um momento exaustivo e doloroso. Onde a alimentação do bebé pode não ser um tempo de ligação e afeto. E sim, um período em que o filho a mantém acordada a noite toda e onde a mãe pode se sentir sufocada. Ao estabelecer esse tipo de relacionamento com o bebê é mais provável que crie uma ligação nociva ao invés do que seria esperado.

A amamentação tem um impacto na saúde mental de uma mulher. Amamentar e cuidar de um recém-nascido geralmente exige muita energia e dedicação. Absorvendo recursos físicos e mentais, muitas vezes até o ponto de deixar a mulher mais sensível e irritada, bem como a privação de sono, mudanças hormonais, criando o cenário perfeito para o aparecimento e desenvolvimento da depressão pós-parto.

Embora a amamentação seja idealmente a melhor opção, alguns especialistas concordam que podem haver desvantagens ao cobrar da mãe uma obrigatoriedade com relação ao aleitamento materno.

No entanto, nesta situação pandémica e como nas Crianças, Adolescentes e Adultos, também nas grávidas e recém-mamãs, e respetivos bebés, o impacto da COVID-19 na saúde mental é bastante preocupante. Uma em cada cinco mulheres sofre de perturbações mentais na gravidez ou durante o primeiro ano de vida do bebé.  Pelo que alerto para a importância, apoio e a ajuda dos profissionais de saúde, psicólogos e pediatras são essenciais para que as mães consigam ultrapassar esta etapa.

Em caso de dúvidas, a orientação de um psicólogo especializado em mães, puerpério e bebés pode ser importante. Se você está triste e sentindo-se culpada por não conseguir amamentar, agende a sua Consulta de Grávida ou a sua consulta de Acompanhamento Psicológico no Período Pós-Parto e cuide do seu lado emocional.

Serviços de Psicologia Clínica e da Saúde para Grávidas, Pais e Bebés/Crianças

Por: Dr.ª Marisa Marques* (OPP. 21210) – Psicóloga Clínica e da Saúde

(Consultório Privado Arcozelo-Barcelos, Hospital Trofa Barcelos, Hospital Trofa Braga Norte)

Fotos: DR.

(* A redação do artigo de opinião é única e exclusivamente da responsabilidade da autora)

Depressão: uma doença silenciosa e fatal

Julho 10, 2020 em Atualidade, Concelho, Mundo, Opinião, Saúde Por barcelosnahorabarcelosnahora
Marisa Marques

A depressão consiste numa perturbação mental muito comum no ser humano e caracteriza-se por ser uma perturbação emocional persistente que afeta negativamente a forma como a pessoa se sente, pensa e age. Provocando, por sua vez, sentimentos de tristeza e/ou perda de interesse, nomeadamente, nas atividades habituais do quotidiano e diminui de forma significativa a capacidade funcional da pessoa, quer ao nível profissional, quer ao nível social.



No contexto atual, a existência do vírus COVID-19 constituiu uma ameaça para a saúde, quer a nível físico como psicológico, considerando-se urgente e emergente, uma atitude.

De fato, estamos a viver uma situação de instabilidade emocional significativa, em que os sentimentos de angústia, tristeza, depressão, raiva, medo, bem como, outras alterações, dominarão o nosso dia a dia. Como consequência, prevê-se que haverá uma forte tendência a desvalorizar a sintomatologia depressiva, uma vez que a mesma poderá uma forte tendência a ser confundida com a tristeza e esgotamento, o que dificultará que a depressão seja diagnosticada.

A depressão é o “trilho” doloroso que induz a um sofrimento intenso, conduzindo, em casos extremos, ao suicídio. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), em 2015, cerca de 300 milhões de pessoas tinham diagnóstico de depressão, sendo, por isso, classificada como uma das principais causas de morte. Em Portugal, a realidade não é diferente da restante situação mundial, estima-se que haja cerca de um quinto da população (22,9%) com sintomatologia depressiva.

Atualmente sabe-se que a depressão é considerada a doença que mais contribui para as mortes por suicídio, com um índice bastante elevado, falamos de 800 mil situações por ano em todo o mundo. Apesar de ainda ser um assunto tabu da nossa sociedade, o suicídio encontra-se entre as 10 principais causas de morte em Portugal e em todo o mundo. No nosso país, anualmente, suicidam-se cerca de 1000 pessoas, no entanto, desde o início da pandemia, o número de suicídios tem aumentado drasticamente, assunto que está nas primeiras páginas dos noticiários, tal como os números de infetados por COVID-19.

No entanto, é mais fácil olhar para o lado e mascarar esta realidade, do que nos comprometermos.

Todos temos o dever de estar alertados e informados sobre a depressão e as suas consequências para unir esforços e ajudar quem se encontra em sofrimento, por isso, todas as atitudes são preciosas quando se suspeita que alguém possa estar depressivo e com pensamentos suicidas.

O importante, numa primeira fase, é tentar entender o que está a acontecer e quais os sentimentos associados. Não tenha medo de perguntar à pessoa porque se sente triste, deprimida e se está a pensar em suicídio (desistir de algo). Sendo que é improvável, para não dizer impossível, que a depressão passe por si só, torna-se fundamental que o primeiro passo seja aceitar que precisamos de ajuda e, consequentemente, procurar ajuda dos profissionais de saúde mental (Psicólogos e Psiquiatras).

A depressão, tal como as doenças físicas, precisa de ser tratada. Em todos os casos, o recurso à psicoterapia é fundamental e, em casos mais específicos, deve-se complementar o tratamento com a utilização de psicotrópicos.

Lembre-se que a grande maioria das pessoas deprimidas melhora substancialmente com um tratamento apropriado. De uma forma geral, os quadros depressivos de intensidade moderada a grave são tratáveis com a conjugação da Psicoterapia Cognitivo-Comportamental e a Medicação. Sendo que em casos ligeiros serão intervencionados com Psicoterapia Cognitivo-Comportamental.

Reforço o alerta: se conhecerem alguém que possa ter uma perturbação de humor, o mais importante a ser feito é aconselhar-lhe a procurar ajuda. Não devemos minimizar a depressão, antes pelo contrário, devemos ser ativos na procura de uma resposta.

A Saúde Mental é um assunto sério: Sem Saúde Mental Não Há Saúde.

Por: Marisa Marques* (Psicóloga Clínica e da Saúde).

Imagens: DR.

(* A redação do artigo de opinião é única e exclusivamente da responsabilidade da autora)

“A saúde mental faz parte da resposta da saúde pública à COVID-19”

Maio 8, 2020 em Atualidade, Concelho, Mundo, Opinião Por barcelosnahorabarcelosnahora

Saúde mental em tempos de pandemia

Marisa Marques

À medida que o COVID-19 “varre o mundo”, este causa uma ampla preocupação, ansiedade, medo, tristeza…Reações estas que são inatas ao ser humano quando está perante mudanças repentinas e incertezas, bem como situações de ameaça ao seu bem-estar, tal como vivemos nos dias de hoje.



A Organização Mundial da Saúde (OMS, 2020) alertou para consequências psicológicas e mentais do novo coronavírus, uma vez que o vírus gerou, e continua a gerar, stress na população, devido ao risco de contaminação, incerteza, isolamento social e desemprego entre outros motivos provocados pela pandemia, levando ao aparecimento e agravamento de problemas psicológicos e doença mental.

O cenário em que vivemos é especialmente perigosos por 3 grandes razões: (a) porque obrigou a uma súbita eliminação das nossas rotinas diárias, levando à retração social e perda da estrutura quotidiana; (b) porque as atuais notícias catastróficas são uma espécie de “trampolim” para pensamentos negativos e cíclicos, de tristeza e irritabilidade; e, por último, (c) porque os apelos permanentes à higiene manual meticulosa são solo fértil para manias de limpeza e controlo, reforçando comportamentos obsessivos e compulsivos.

Portanto cabe a cada um de nós compreender que esta situação de pandemia, requer o cumprimento das medidas de prevenção e de contenção, não só definidas pela OMS e pela DGS (Direção-Geral da Saúde), como também uma consciencialização da influência do mesmo na nossa Saúde Mental.

Os últimos meses têm sido difíceis para todos nós. De um momento para o outro, tivemos de alterar rotinas, adotar novas formas de vida e, diria até, enfrentar uma nova realidade.

Atualmente familiares, amigos e até mesmo a sociedade em geral começam a evidenciar o reforço nos cuidados de saúde, através da sua alimentação e suplementos e, até da atividade física, de força a fortificar o seu sistema imunitário. Esta é de facto uma postura crucial a manter e a adotar nesta altura, mas…E a Saúde Mental? As emoções? Os sentimentos? Raramente nos lembramos delas e o quão importante são para a nossa saúde.

É importante que tomemos consciência que os desequilíbrios emocionais acarretam alterações fisiológicas, nomeadamente a nível do aumento de hormonas de stress como a adrenalina e o cortisol, afetando diretamente o nosso sistema imunitário. Assim sendo, é muito importante que olhemos para a nossa saúde com um olhar alargado que inclua o cuidar da nossa saúde física, mas também psíquica, mental e emocional. A partir desta ressignificação estaremos muito melhor preparados para enfrentar este vírus e as suas variadas consequências, com vista à saúde e ao bem-estar pleno.

Torna-se agora fundamental definir prioridades e começar a voltar as nossas prioridades para o nosso Bem-estar psicológico e a Saúde Mental. Mesmo sabendo que não é fácil, uma vez que quando tudo corre mal ou não correr como desejado, a última coisa em que pensamos é no nosso equilíbrio emocional. O SNS e a OPP têm desenvolvido um trabalho fenomenal na promoção e prevenção da saúde mental criando as linhas de apoio psicológico que visam ajudar a uma melhor gestão de emoções como o stress, a ansiedade, angústia, medo; promover a resiliência psicológica; reforçar o sentimento de segurança da população e dos cuidadores, encaminhado para entidades de apoio emergente em caso de necessidade.

Contudo temos de começar a pensar num plano de atuação mais específico, de avaliação e intervenção na doença mental e mal-estar psicológico, não só nos doentes infetados, casos suspeitos e aos profissionais de saúde, mas sim a toda a população que foi vítima de uma forma ou de outra do COVID-19. Uma vez que “em períodos de catástrofe natural, vemos que as taxas de suicídio tendem a cair temporariamente. A coisa pode ficar crítica quando o evento passa, quando não se trata mais de uma questão de sobrevivência, mas de como prosseguir a existência a partir daí. É nesse momento que se percebe tudo o que foi destruído durante a situação de crise. Sendo bem possível que a tendência ao suicídio cresça de novo.” (Sociedade Alemã de Prevenção do Suicídio, 2020)

O medo de ficar doente, que algum familiar fique doente, medo de perder o trabalho, o aumento dos conflitos em casa, o teletrabalho e a escola online dos filhos, a mudança de rotinas e a difícil gestão do tempo. Estar longe de quem se ama” todas estas preocupações são naturais. Mas quando começam a afetar o nosso dia e a nossa noite e a causar sofrimento, ansiedade, tristeza, irritabilidade…poderemos estar a desenvolver um quadro de Ansiedade e /ou Depressão associada ao COVID-19. Como em outros casos, devido à exposição do cenário de COVID-19, podemos desenvolver Traumas Emocionais em – Perturbação de Stress Pós-Traumática (PSPT).

Relatos de palpitação, suores, aumento da pressão arterial, perda de apetite, dificuldade em respirar, problemas de concentração e sono, tristeza, raiva e culpa serão mencionados por grande parte da população portuguesa. E em quadros extremamente severos poderão desenvolver ideações suicidas.

Espera-se que a população em geral experiencie quadros de depressão e ansiedade, enquanto que as vítimas de infeção COVID-19, profissionais de saúde e outros profissionais de 1º linha experienciem em grande número a PSPT. Porém receio que não vá ser possível dar apoio psicológico a todos.

Não se esqueça de que é essencial que NÃO descuide da sua Saúde! Se se encontra nesta situação, deixo-lhe “3 regras de sobrevivência”:

1. Peça ajuda, nomeadamente, psicológica. Lembre-se que o primeiro passo para que possa melhorar a sua condição, é aceitá-la, olhá-la de frente e erguer-se perante ela.

2. Procurar manter sempre a calma e, por muito difícil que seja, substituir os seus pensamentos negativos por pensamentos positivos.

3. Não se isole!

Por: Marisa Marques * (Psicóloga Clínica e da Saúde).

Fotos: ROMANEWS | Enric Fontcuberta – EPA | DR.

(* A redação do artigo de opinião é única e exclusivamente da responsabilidade da autora)

COVID-19: Ansiedade e depressão são cenários reais em casos de emergência pública

Abril 17, 2020 em Atualidade, Concelho, Mundo, Opinião Por barcelosnahorabarcelosnahora
Marisa Marques

Os coronavírus são um grupo de vírus que provocam infeções, variando a gravidade, nas pessoas. Normalmente estas infeções estão associadas ao sistema respiratório, podendo ser parecidas a uma gripe comum ou evoluir para uma patologia mais grave, como pneumonia. A Organização Mundial da Saúde atribuiu o nome, COVID-19, por ser o nome da doença que resulta das palavras “Corona”, “Vírus” e “Doença” com indicação do ano em que surgiu (2019).



Doença de coronavírus 2019 (COVID-19), anteriormente conhecida como coronavírus 2 de síndrome respiratória aguda grave (SARS-CoV-2) e 2019 novo coronavírus (2019-nCoV), foi identificado pela primeira vez em dezembro de 2019 na cidade de Wuhan, no centro da China (WHO, 2019; CDC, 2019). A 31 de janeiro de 2020 a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarou uma emergência de saúde pública como o aparecimento de casos no Japão, Tailândia, Estados Unidos da América, Austrália e França (OMS,2020).

Esta emergência que o mundo enfrenta atualmente apresenta semelhanças com o surto de SARS, que vivemos entre 2002 e 2003 e vitimou mais de 800 pessoas (a COVID-19 já matou mais de 5.000 pessoas desde dezembro do ano passado). Apesar das diferentes apresentações clínicas, o rápido padrão de transmissão e a falta de preparação das autoridades de saúde são dois pontos semelhantes entre os surtos. Pelo que se sabe que quase metade dos sobreviventes do último coronavírus — o SARS — desenvolveram perturbações mentais após o surto, como a ansiedade, depressão e stress pós-traumático (PSPT) (Wu, Chan, Ma (2005), Hawryluck, Gold, Robinson et al. (2004)). Um estudo publicado em 2014 na revista especializada East Asian Arch Psychiatry mostrou que 54,5% dos sobreviventes desenvolveram ansiedade por stress pós-traumático, enquanto 39% teve depressão. O que nos leva a acreditar que esta crise de saúde pública provocada pelo COVID-19 poderá trazer como consequências, cenários de depressão, ansiedade e stress pós-traumático (PSPT).

Por: Marisa Marques * (Psicóloga Clínica e da Saúde).

Imagem: DR.

(* A redação do artigo de opinião é única e exclusivamente da responsabilidade da autora)

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