Ripa na rapaqueca*


Ainda no rescaldo do jogo para a Liga dos Campeões e já com um olho na próxima jornada, segue-se o habitual comentário desta semana.
Começando pelo mais recente jogo, há a referir a azarada exibição do nosso Benfica, na quarta-feira passada, frente aos rapazes de Manchester. Apesar da derrota, fica na retina uma exibição melhor do que a que pudemos assistir nos últimos quatro ou cinco jogos em que se notaram as rotinas defensivas mais consistentes sobretudo pela forma mais à vontade como Douglas ocupou o corredor direito, notoriamente mais completo do que André Almeida, bem como um melhor entendimento no setor central, em que assistimos a um Luisão igual a si mesmo que, como um bom vinho do Porto, ganha qualidade à medida que envelhece, não obstante a menor frescura física dos seus trinta e seis anos; simultaneamente, Rúben Dias, num crescendo de à vontade nos terrenos em que pisa, denunciado por uma boa exibição, esforçada e de muito trabalho, a fazer lembrar Jardel quando tinha o mesmo tempo de manto sagrado. À esquerda, Grimaldo, de quem sou confesso admirador, a contribuir positivamente, sem nunca comprometer a prossecução das tarefas que lhe foram destinadas. Um meio campo pouco inspirado, com Fejsa e Filipe Augusto bastante defensivos e Pizzi bastante desinspirado. Salvio continua irreconhecível, Diogo Gonçalves a procurar o seu espaço e Raúl, que apesar de esforçado, esteve sempre muito desamparado. Se a defesa pareceu funcionar bem, com o meio campo a fazer os mínimos, já o ataque nunca pareceu incomodar a defesa do MAN UTD até ao momento da entrada de Jonas. Sem dúvida o Benfica tem outro jogo quando joga com dois avançados, comprovando a tese de que a melhor defesa é o ataque. Por fim, mas não por último, importa falar de Svilar. À parte o lance azarado, com alguma aselhice à mistura, muito por causa da sua juventude, fica uma exibição muito prometedora que encheu o coração dos adeptos que, como eu, tiveram oportunidade de o ver ao vivo, a prometer fazer esquecer (ou, pelo menos, fazer diminuir as saudades) o mágico Ederson. Aqui e além, pormenores e intervenções de fazer encher o olho. Que não se estrague…
Posto isto, ficamos com água na boca à espera do próximo jogo em que o Benfica visita a Vila das Aves para ver se, de uma vez por todas, encontra um fio de jogo agradável, com um onze base mais ou menos definido e, por conseguinte, os golos e as vitórias. Será interessante, também, analisar a reação de Mile Svilar perante a adversidade do último jogo, deixando antever se tem o estofo de um grande guarda-redes.
Por falar em estofo de jovens promessas deixo aqui dois nomes. Um é Nuno Santos, júnior do Benfica, com uma exibição “à Messi” que nos deixa com vontade de ver mais do mesmo, em que seja para saber se temos craque ou apenas um brinca na areia do momento. O outro, de quem tive já oportunidade de salientar num círculo mais restrito de amigos, Famana Quizera, guineense com naturalidade portuguesa, que alinha ainda pelos juvenis mas pelo qual mal posso esperar por ver na equipa principal. Este, sim, poderá ser o próximo Eusébio (conhecendo eu os riscos que corro por tantos “Eusébios” que já vi anunciar). Mas veja por si, num jogo de juvenis que a BTV transmita e tire as suas conclusões. Por mim, temos craque. Fixe este nome: Famana Quizera…e lembre-se que viu este nome pela primeira vez n’O Barão Vermelho, no Barcelos na Hora.
Quantos aos nossos galos, esperemos que continuem com o esporão bem afiado e que aproveitem o balanço da goleada infligida ao Vitória B e continuem nesta senda frente ao Arouca, em partida a contar para a 10ª jornada da segunda liga. Aproveito para ir lembrando que na próxima semana, em jogo a contar para a 11ª jornada, o Gil recebe o Benfica B, dando aos adeptos barcelenses a oportunidade de fazer uma festa bonita, toda ela pintada de encarnado, levando toda a família ao nosso reduto para um programa diferente.
Dá-me o 37. Viva o Benfica.
*homenagem a um dos maiores comentadores desportivos que o mundo do futebol conheceu: Jorge Perestrelo. Porque afinal, “é disto que o meu povo gosta”!
Por: Hugo Pinto*.
(* A redação do artigo de opinião é única e exclusivamente da responsabilidade do/a autor/a)