Tag archive

Pedro Nazareth

ELECTRÃO alerta para o “lixo invisível” na Semana Europeia da Prevenção de Resíduos

Novembro 23, 2020 em Atualidade, Concelho, Economia, Mundo Por barcelosnahorabarcelosnahora

O ELECTRÃO – Associação de Gestão de Resíduos – vai promover uma campanha de sensibilização e comunicação com o objetivo de alertar para a necessidade de combater o “lixo invisível”.

Esta iniciativa insere-se no âmbito da Semana Europeia da Prevenção de Resíduos, que decorre de 21 a 29 de novembro, e que em 2020 tem como foco esta temática.



A campanha a propósito do “lixo invisível” irá desenvolver-se nas redes sociais. O ELECTRÃO vai lançar um conjunto de inquéritos no Facebook e Instagram sobre reutilização. O objetivo desta iniciativa será auscultar os seguidores do ELECTRÃO sobre a importância que é dada à reutilização em detrimento de outras soluções, como o encaminhamento para reciclagem. As perguntas incidirão sobre embalagens, pilhas e baterias e ainda equipamentos elétricos usados. Os resultados serão depois divulgados.

Alguns exemplos de como ser mais sustentável, promovendo a redução da produção de resíduos, vão ser explicados em vídeo por um grupo de influencers que se aliaram a esta campanha do ELECTRÃO. Nas stories, que irão gravar, mostrarão como é possível fazer mais e melhor. Esta será outra componente da campanha.

Durante a Semana Europeia da Prevenção de Resíduos, o ELECTRÃO vai, ainda, reforçar a aposta na sensibilização online com a publicação de vários posts alertando para esta temática com recurso a provérbios populares, imagens inspiracionais, factos e estatísticas apelando à consciência do consumidor na hora de adquirir produtos.

Estes resíduos, que são diariamente produzidos na casa dos portugueses, não têm necessariamente de ser descartados. É possível optar pela reparação de um computador, por exemplo, em vez de o encaminhar imediatamente para reciclagem, ou doá-lo, para que sirva a outra pessoa. As pilhas recarregáveis podem evitar também a produção de resíduos. Também vários tipos de embalagens podem ser reaproveitados recorrendo à imaginação. Com estes gestos reduzimos o consumo e a produção dos resíduos associados à sua produção.

Produção de resíduos continua a crescer

Segundo o Relatório do Estado do Ambiente de 2019, a produção total de resíduos urbanos em Portugal continental atingiu os 4,94 milhões de toneladas em 2018. Este valor representa um aumento de 4,2 por cento face a 2017, o que corresponde a uma capitação anual de 505 quilos por habitante/ ano.

Cada habitante produziu, diariamente, 1,38 quilos de resíduos. Estes valores confirmam a tendência de crescimento da produção de resíduos urbanos que se verifica desde 2014. Mais de metade destes resíduos é depositada em aterro.

Este aumento estará relacionado com uma melhoria da situação económica de Portugal, o que parece indicar não estar a ser atingido o objetivo de dissociar a produção de resíduos do crescimento económico, de acordo com a análise da Agência Portuguesa do Ambiente.

Fabrico de um telemóvel gera 86 kg de “lixo invisível”

O fabrico de um telemóvel de 200 gramas, por exemplo, gera 86 quilos de resíduos. Para Pedro Nazareth, diretor-geral do ELECTRÃO, “É urgente que estes resíduos se tornem visíveis de forma a que cada um fique consciente da verdadeira pegada ecológica associada e tome decisões informadas na hora de consumir”.

A evolução deste fluxo específico de resíduos é preocupante. Em 2019, foram geradas, em todo o mundo, 53,6 milhões de toneladas de equipamentos elétricos usados, o equivalente a 7,3 quilos per capita. Em 2030, prevê-se que este valor seja de 74,7 milhões de toneladas, ou seja, nove quilos per capita, segundo o relatório “The Global E-waste Monitor 2020”.

Reciclam-se mais equipamentos elétricos usados, mas também se consomem, cada vez mais, estes aparelhos.

Desde 2014 que a produção de resíduos de equipamentos elétricos cresce em todas as categorias, com exceção de ecrãs e monitores, que registou um decréscimo de um por cento. No entanto, esta variação poderá estar relacionada com o peso mais reduzido dos ecrãs dos aparelhos ainda que o número de peças continue a aumentar.

Em Portugal, os equipamentos elétricos usados gerados ascendem a 16,6 quilos per capita.

Fonte e imagem: ELECTRÃO.

Diretor-Geral do Electrão identifica conquistas e aponta limitações à gestão de embalagens

Outubro 30, 2020 em Atualidade, Economia, Mundo Por barcelosnahorabarcelosnahora

Três anos depois da implementação da concorrência na gestão das embalagens usadas, 25 por cento do mercado optou por delegar essa responsabilidade numa das novas entidades gestoras. Este dado foi avançado pelo Diretor-geral do Electrão – Associação de Gestão de Resíduos, Pedro Nazareth, no segundo dia do Fórum de Resíduos, que decorreu esta quarta-feira, para ilustrar os benefícios que a concorrência trouxe ao sector.



Em 2017, o Electrão estendeu a sua catividade à gestão das embalagens, juntando-se à Novo Verde e Sociedade Ponto Verde, que durante 20 anos teve o monopólio da gestão deste fluxo. “Há, hoje, uma saudável concorrência entre entidades gestoras pela inovação e promoção da visibilidade do tema da correta separação de embalagens. A diversidade de participação de agentes na comunicação ambiental trouxe inovação, trouxe mais visibilidade e mais resultados”, vincou Pedro Nazareth.

Pedro Nazareth adiantou, ainda, que as melhorias proporcionadas pela concorrência contribuíram para melhores resultados que se consubstanciaram em aumentos médios anuais de sete por cento na recolha de embalagens usadas.

No painel dedicado à reinvenção das embalagens, que contou com a participação das três entidades gestoras de embalagens, Pedro Nazareth aproveitou para sublinhar que foi assim, com a coexistência de três entidades, que se começou a inovar no sector em 2017. “No caso particular do Electrão também inovámos quando desenvolvemos e implementámos sistemas de incentivos ambientais permitindo pela primeira vez modelar os gastos de recolha a reciclagem das empresas em função do desempenho ambiental de fim de vida dos seus produtos”, exemplificou.

Foi também durante este período que se iniciou uma nova fase da comunicação ambiental que, aberta à participação de três entidades, trouxe uma diversidade ímpar de projetos e iniciativas envolvendo diferentes partes interessadas da cadeia de valor.

Inovou-se, igualmente, no acesso ao mercado de retoma e reciclagem das embalagens usadas. “A quota de mercado mais reduzida das entidades gestoras entrantes no SIGRE [Sistema Integrado de Gestão de Resíduos de Embalagens] implicou o fracionamento dos lotes de embalagens usadas leiloados e permitiu reforçar a participação de recicladores de diferentes capacidades e escalas. Inovou-se também nos instrumentos digitais e contratuais de suporte a estes leilões introduzindo uma maior flexibilidade nestes procedimentos”, apontou.

Nos últimos três anos inovou-se, ainda, ao nível da transparência e do rigor do funcionamento sistema de gestão de embalagens. São exemplos os processos que correram para determinação das especificações técnicas das embalagens usadas retomadas, para o estabelecimento das regras da auditoria e controlo operacional ou mesmo para a aplicação correta do âmbito de embalagens determinado nas licenças.

Barreiras a ultrapassar

Este painel do Fórum Resíduos também se focou no tema da “Reciclagem e reutilização: Como contornar as atuais limitações de gestão”. O novo modelo de responsabilidade alargada do produtor no funcionamento do sistema teve “um preço” e colocou as entidades gestoras perante um conjunto de limitações relevantes, reconheceu Pedro Nazareth.

O Diretor-geral do Electrão não compreende os entraves que se colocam à criação de redes de recolha própria das entidades gestoras de resíduos, ferramenta já prevista na lei e que pode alterar drasticamente os resultados da recolha seletiva de embalagens do país. “Para o grande desafio nacional das metas de recolha de embalagens usadas, o país precisa não de restringir, mas de diversificar e integrar a participação dos agentes, potenciando a inovação no estabelecimento destas redes de recolha seletiva”, defendeu.

Estas redes seriam, em teoria, um instrumento de complementaridade de locais de recolha seletiva ao trabalho atualmente desenvolvido pelos SGRU [Sistemas de Gestão de Resíduos Urbanos] na recolha por ecoponto e porta-à-porta. Mas, também, um instrumento na relação com os operadores de gestão de resíduos privados que, atualmente, têm sob gestão dezenas senão centenas de milhares de toneladas de embalagens usadas que poderiam estar a ser canalizadas para o sistema. Aliás, há neste momento um potencial tremendo nestes operadores, onde não se atua por limitações do próprio sistema. “O próprio sistema de depósito para o retorno de embalagens usadas de bebidas a implementar em 2022 será confrontado a muito curto prazo com esta limitação”, sublinhou.

Além da aposta nas redes de recolha, urge concentrar energias no tema da estabilidade porque “regimes de quatro ou cinco anos de horizonte temporal ou de prorrogações anuais, não fazem qualquer sentido olhando à ambição inscrita nas metas de recolha e aos respetivos planos de investimentos”.

Clarificação também se precisa. Seja no nível das responsabilidades individuais dos diferentes agentes, seja nos conceitos e regras de funcionamento de todo o sistema, incluindo as questões de âmbito da gestão das embalagens usadas. “Compreendemos que os SGRU têm uma pressão enorme para o aumento da tarifa e que procuram minimizar esta pressão recorrendo à maximização das receitas adicionais, em particular as com origem nos valores de contrapartida pagos pelas entidades gestoras do SIGRE”, mas esse não é o caminho, frisou, até por razões de justiça. Por outro lado, está para breve a transposição da diretiva que que recomenda a utilização da responsabilidade alargada do produtor enquanto instrumento da política pública de ambiente.

Pedro Nazareth considera, ainda, que a CAGER (Comissão de Acompanhamento da Gestão de Resíduos) não tem instrumentos para fazer cumprir as suas determinações, seja para realizar estudos de caracterização de embalagens usadas, o que tem gerado resistência dos SGRU, seja para aplicar as suas decisões de compensação entre entidades gestoras, “conduzindo a um nível de beligerância desnecessário”, lamenta.

Importa assim “preservar e estabilizar as virtudes” deste sistema e “atuar de forma inovadora no que ainda está a limitar o funcionamento e a entrega de melhores resultados”, desafiou.

Fonte: ELECTRÃO.

Foto: DR.

Ir Para Cima